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Sua formação faz mesmo diferença?

por Conrado Navarro
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Difícil - CuidadoAna comenta: “Navarro, tenho aprendido muito com seu blog e isso me faz levantar uma questão importante. Será que não falta no Brasil melhor formação em finanças para todas as classes, idades e pessoas? Não tive a oportunidade de entender coisas simples sobre dinheiro nem quando estive na faculdade e penso que isso é um grande erro de nossas instituições. Deveriam existir mais Navarros por ai e enquanto isso não acontece, como fazemos? Gostaria muito de saber sua opinião sobre isso”.

Ana, quero agradecer pelas palavras de apoio e tranquilizá-la de que, enquanto existirem leitoras(es) interessados em aprender e ensinar (como você), sempre haverá um Navarro disposto a facilitar esse fluxo de informação e conhecimento. Porque é isso que eu sou, um facilitador. Nada mais. E que assunto polêmico esse que vamos discutir hein? Na semana passada recebi um convite muito interessante do Cadu para falar sobre minha formação e experiência de vida como profissional e ele será a base para minhas opiniões de hoje. Cadu, espero que também goste do artigo.

Um dos problemas
Sabemos que a educação deste país carece de um momento de sensatez e de verdadeira sobriedade. Valores muito importantes têm sido consistentemente invertidos ao oferecermos ensino público superior de altíssimo nível sem que a mesma dedicação e atenção sejam dadas ao ensino fundamental. Temos ótimas universidades públicas que infelizmente não estão sendo ocupadas por quem realmente precisa delas. Estudantes de federais, isso não é uma crítica. É a realidade do país. Enfim, isso é um assunto para o Cláudio de Moura Castro e seus brilhantes colegas.

Em geral a formação não é ruim. Mas também não é acessível, nem completa.
Você provavelmente teve, tem ou terá a chance de cursar uma faculdade, ainda que com muito custo. Parabéns. Mas não se acomode ou pense que seu diploma vai colocá-lo no mercado como um talento, garantindo seu lugar ao sol. Com um diploma você é um profissional, mas não o melhor profissional. E a diferença está em quanto tempo, dinheiro e esforço você vai dedicar para aprender mais, especialmente sobre aquilo em que reconhece ser fraco e inapto.

Diferente do que você e a maioria pensam, vagas para pessoas qualificadas simplesmente não são preenchidas na maioria das empresas e concursos. A reação de todos normalmente é a de culpar o “sistema”, a falta de oportunidades para estudar e a pouca renda. Tudo bem, o Brasil não é o melhor país do mundo para estudar ou trabalhar. No entanto, o espaço que você vai ocupar no mercado de trabalho não é determinado apenas pelas condições do país, mas em grande parte por sua intenção em preenchê-lo. É o auto-engano definido muito bem pelo economista Eduardo Gianetti.

Quando o assunto é economia financeira, ai danou-se!
Triste realidade. Você foi treinado (sim, eu quis passar uma “conotação canina”) para competir e vencer. Mas você não tem a mínima idéia do que seja vencer (admita), apesar de saber muito bem o que competir significa. Claro, como foi treinado, não consegue se livrar das missões ensinadas na época de escola e(ou) universidade. E isso significa defender velhos hábitos como se fossem as práticas atuais mais inteligentes. No fundo isso significa admitir que você é fraco e que não está pronto para mudar, reinventar-se, aprender a transformar informação em conhecimento.

Sem isso, a educação financeira vai continuar sendo um tabu em sua vida. Um tabu idiota, arrisco-me a dizer. Não pense que comigo foi diferente. Frequentei as mesmas escolas e universidades que você, mas aprendi em casa e no convívio diário com colegas que, se estou sendo preparado (notaram a diferença?) para vencer, preciso investir energia para estar preparado também para lidar com o sucesso que tanto nos acostumamos a perseguir.

Dinheiro é consequência da busca pelo melhor. Afinal, tempo não é dinheiro? Quem, além de sua família, lhe ensinou a lidar com dinheiro? É meu amigo, esse é um problema generalizado, pra não dizer emblemático e epidemiológico. É triste saber que ninguém mais se preocupa com sua capacidade de investir e de criar patrimônio. Mas deveriam eles se preocupar? Onde deve começar o ciclo?

Quando realmente caiu a ficha?
Fiz uma pergunta muito simples aos meus pais ainda nos primeiros anos de faculdade: “Estudei sempre em colégio particular, universidade paga, mas isso é justo? Por que investir tanto quando existem possibilidades mais baratas e de qualidade semelhante”? A resposta foi o pontapé para o sentimento de zêlo e humildade que hoje carrego: “Acostume-se com o que há de melhor e vai entender que para que possa usufruir sempre do bom, terá que primeiro aprender a conquistá-lo e a multiplicá-lo, corre o risco de seu amanhã ser pior que o seu agora. Eu não quero agradá-lo, você estuda onde estuda porque quero que seja o melhor no que faz. Um dia vai entender que não há dinheiro nenhum no mundo que pague por esse sentimento de cidadão formado e preparado para a vida”.

Foi a lição mais profunda de auto-estima que já recebi em minha vida. E também de inteligência emocional. E é aqui que queria realmente chegar. Sou analista de sistemas por formação (quem diria hein!?). Consultor, amigo e feliz por opção. Estudei bits e bytes, banco de dados, programação. Fiquei fera no relacionamento com o PC. Mas só isso não resolveria meus problemas. Qualquer um pode chegar à essa conclusão. Eu cheguei. Mais do que viver plugado, eu queria poder fazer disso uma razão para colaborar com as pessoas, servir. E vencer.

Mais do que bem empregado e com a vida tranquila, estou satisfeito com o que construi e durmo sossegado porque o dinheiro que ganho é uma simples consequência do que eu sou e conquistei. Pude aprender a respeitar cada centavo e cada esforço de meus pais para que eu vivesse bem e sempre com o melhor. E onde há respeito, há reciprocidade. O dinheiro passou a me respeitar e juntos crescemos. Você há de concordar, essa é uma equação muito simples.

Falta alguma coisa?
Navarro - Paz e AlegriaEstou quase terminando um MBA Executivo numa das melhores universidades do país, tenho uma excelente família, namorada, trabalho. Ganho bem, tenho um bom patrimônio. Sou feliz, tenho tudo que quero. Mas ainda falta muito. Falta poder ver o mesmo empenho de sua parte, de meus amigos e de alguns familiares. Empenho no sentido de deixar um legado intelectual e cultural muito maior do que a quantidade de zeros na conta ou algum patrimônio físico qualquer. Saber lidar com dinheiro vai muito além do valor de sua casa e de quantos carros você tem na garagem. Isso não é mais sinal de bonança ou inteligência financeira. Corrigindo, nunca foi!

Ufa. Chega Navarro!
Ser o melhor profissional e uma pessoa boa, gentil e humilde é uma questão de opção. Aprender a aprender é uma questão de opção. Aprender a servir é uma questão de opção. Todos temos opções, oportunidades diárias de crescer. Com esse espírito, garanto que dinheiro nunca será o problema. Nunca. Sonhador demais? Utopia de um blogueiro qualquer? Falta do que fazer? Pode ser que sua interpretação dessa mensagem seja bem diferente da razão pela qual a escrevi, mas tenha certeza de que escrevê-la me fez uma pessoa ainda melhor e mais rica!

Minha cara Ana e meu amigo leitor, procurei não comentar ou criticar nossa política para a educação. Sou dos que enxerga o copo sempre meio cheio. Acredito que a diferença quem faz somos nós e que aprender a lidar com dinheiro é tão fácil quanto andar de bicicleta, embora não pareça. Digo isso porque até hoje não sei me equilibrar bem numa bike e ainda assim me arrisco por ai em algumas voltas. Faço o mesmo com meu dinheiro.

PS: Eu me revolto com quem chama uma reunião, contato ou evento de treinamento. Quem treina é animal. Aos educadores que lêem esse blog, favor mudar esse hábito. Grato. Ah, todos devíamos mudar diariamente nossos hábitos.
PS2: Também odeio a palavra hábito!

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