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Leitura Dinheirama – Revista Exame 906

por Ricardo Pereira
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Leitura Dinheirama - Revista Exame 906O Dinheirama continua inovando. A partir de hoje, iremos acompanhar de perto as principais revistas de negócios e finanças[bb] do Brasil. Claro, revistas assim já são fonte de informação para nossos editores, mas a idéia agora é levar até você um resumo das suas principais reportagens. Nada melhor que começarmos por uma revista como a EXAME. Selecionaremos quatro ou cinco assuntos, por edição, e os comentaremos por aqui. No ar o Leitura Dinheirama.

Revista Exame, edição 906
Editora Abril, ano 41 – N.º22.
Data: 21/11/2007

Os temas escolhidos para o hoje são:

  1. Fundo Carlyle vem ao Brasil para comprar empresas
  2. O Etanol e a situação da Cosan
  3. A Hedging-Griffo e seu importante crescimento
  4. Caso BRA. Como investidores como Gávea (de Armínio Fraga) não vislumbraram problemas?

1. Na mira dos caçadores de empresas. Fundo americano Carlyle, maior máquina de aquisições do mundo, com bilhões de dólares para investir, chega ao Brasil. A matéria de capa da revista traz como destaque o fundo de investimentos Carlyle, que controla 201 companhias com faturamento somado de 87 bilhões de dólares. Este número seria capaz de torná-los a 19ª maior corporação americana, à frente de gigantes como Procter & Gamble e Goldman Sachs.

A estratégia do fundo é arrematar negócios promissores e em alguns casos até empresas com dificuldades, para então recuperá-las e vendê-las por valores muito acima do inicialmente negociado. Da reportagem vem uma notícia importante:

“O Carlyle acaba de contratar o executivo Fernando Borges para caçar empresas no Brasil – é o primeiro entre os maiores fundos de private equity do mundo a voltar os olhos para o mercado Brasileiro”

Algumas empresas do grupo de Rubinstein já estão de olho em nossas companhias:

  • Telemar e Cemig – interesse por parte da Kinder e Morgan;
  • Vivo e Klabin – interesse por parte da Freescale
  • Brasil Telecom e TAM – interesse por parte da Hertz
  • Gol e Cyrela – interesse por parte da Nielsen
  • Sadia e Perdigão – interesse por parte da Home Depot Supply

2. O Fim da euforia do etanol e as recentes decisões de Rubens Ometto tornaram a Cosan o pior negócio do ano na Bovespa. Na contramão de seu inicio, na abertura de Capital de 2005 quando o valor de suas ações passaram de 16 reais para 42 reais, a Cosan se torna o pior negócio do ano. Com uma variação negativa de 38% (dados de 31/10/2007), ela fica completamente na contra-mão da média da bolsa, que apresentou uma valorização de 47% no mesmo período.

“Quem investiu em renda fixa ganhou 10%. Os que apostaram em dólar perderam 19%. A Cosan, com -38%, foi o pior negócio do ano”

Alguns motivos detalhados pela revista que colaboraram para a queda foram:

  • Mudança no setor, incluindo os preços de insumos como açúcar, que deixaram um patamar tido como exuberante;
  • Reorganização da estrutura societária, que aconteceu em junho, com a abertura de uma empresa nas Bermudas, a Cosan Limited. Empresa que foi listada na Bolsa de NY e de quebra serviu de jogada para que Rubens Ometto, controlador e presidente, se mantivesse como todo poderoso da empresa.

3. Hedging-Griffo, 80% de crescimento em apenas um ano. A gestora de recursos, comprada pelo banco Credit Suisse, foi um dos negócios mais disputados do mercado. Agora, dá para entender o por quê. Desde 2005, sempre se ouviu, no mercado financeiro[bb], fortes ruídos sobre pretendentes e compradores para a gestora de recursos Hedging-Griffo.

Muito se falou sobre Goldman Sachs e UBS. Entretanto, no inicio de 2006, o presidente da Hedging-Griffo Luis Stuhlberger, tido como um dos mais competentes profissionais do mercado, procurou o banco de investimentos Credit Suisse para fazer a abertura de seu capital na bolsa[bb]. Passado algum tempo, os sócios anunciaram que haviam desistido da IPO e que haviam vendido 50% das ações, mais uma, justamente para o Credit Suisse, por nada menos que 635 milhões de reais.

Os resultados do ano mostraram os motivos pelo qual existia tanta procura pela companhia. Atuando já com o Credit Suisse, os ativos sob a administração da gestora passaram de 20 bilhões de reais para 36 bilhões de reais.

“Essa sinergia era esperada porque o Credit Suisse, uma referência em abertura de capitais na Bolsa de Valores de São Paulo, não tinha um braço de gestão de fortunas com ênfase em renda variável, como é o caso da Hedgin-Griffo”

Na prática, quem fazia a IPO por intermédio do Credit Suisse não tinha opções para também aplicar seu dinheiro e acabava levando o dinheiro para a concorrência. Agora vê-se um Credit Suisse mais completo diante das necessidades do mercado de renda variável.

4. Deu pane no toque de Midas. O que levou o Gávea, Goldman Sachs e outros cincos fundos conhecidos pela capacidade de fazer dinheiro a colocar 130 milhões de dólares na BRA? A empresa, que possuía cerca de 3,4% da participação no mercado nacional de aviação, anunciou semanas atrás que suas operações estavam suspensas por tempo indeterminado.

Tendo em vista a crise aérea que toma conta do país desde o fim de 2006, a notícia não pode não soar tão estranha. Entretanto, o que deixou muita gente surpresa foi o fato de que pouco mais de 11 meses se passaram desde o recebimento de um aporte de 130 milhões de dólares, vindos de alguns dos mais renomados investidores em operação no Brasil: Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, o Banco de investimentos Goldman Sachs e outros cinco grandes fundos internacionais, que se notabilizaram por realizar grandes negócios por aqui.

Alguns pontos que mais chamam a atenção e são considerados erros primários, que colocam em dúvida a competência dos investidores, são: a rapidez com que foi realizada a avaliação da empresa[bb] e a presença do controlador e presidente Humberto Folegatti.

“Passaram-se apenas dez meses entre o primeiro encontro dos fundos com os sócios da empresa e a assinatura formal do contrato, a maior parte do tempo consumida não numa análise aprofundada do negócio, mas em revisões de cláusulas do contrato. Só para comparar, o investimento do AIG Capital na Gol levou um ano e meio para ser concretizado”

“Sujeito polêmico, Folegatti é acusado de falsificação de documentos pela antiga Varig, sua ex sócia na Rotatur, a companhia aérea de baixo custo da Fundação Ruben Berta”

Sabedores do “risco Folegatti”, os investidores fizeram um acordo prevendo sua saída da presidência até meados de 2007. O erro se materializou quando os investidores começaram a brigar.

“A cadeira de presidente foi ocupada temporariamente em dezembro de 2006 por Luciano Corrêa, ex funcionário da GP investimentos, mas o executivo ficou menos de um mês no cargo”

Em teoria, o modelo de negócios da companhia tinha tudo para dar certo. Explorar as chamadas rotas regionais, pouco usadas pelas concorrentes TAM e Gol, mostrava-se uma boa saída. Entretanto, a fragilidade na gestão criou um grande abacaxi que pensa contra a fama de “Midas” dos grandes investidores envolvidos no negócio.

A reportagem destaca ainda os possíveis rumos (e saídas) para a BRA:

  • Bancos (maiores credores da empresa), se aceitarem trocar parte da dívida por ações da empresa;
  • Entrada de novos investidores;
  • Instalação de um processo de recuperação judicial, semelhante ao ocorrido com a Varig;
  • Aviões e rotas serem assumidos definitivamente pela Ocean Air, o que parece ser o mais provável.

A revista traz ainda dicas interessantes sobre finanças pessoais e uma reportagem especial sobre energia e sustentabilidade no Brasil. Espero que tenham gostado da novidade. Até a próxima.

——
Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.

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