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Gerente de banco: mocinho ou vilão?

por Ricardo Pereira
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Finanças pessoais, investimentos e moeda fortePoucos dias atrás, conversando informalmente com uma amiga, de vida até certo ponto estruturada, renda alta e com certo planejamento financeiro, decidi questioná-la sobre sua maneira de lidar com investimentos[bb]. A resposta foi rápida e com ar de muita confiança: “Não me envolvo com os investimentos. Minha gerente do banco resolve tudo para mim”. Que? Como assim?

Na hora, preferi não dar sequência na conversa, mas imediatamente surgiu em minha mente a seguinte questão: Será o gerente do banco capaz de resolver todos os problemas de quem abre mão de acompanhar de perto a gestão de sua vida financeira?

Gerente, vendedor ou consultor?
Muitos que, como minha amiga, delegam plenos poderes ao gerente de sua conta confundem a verdadeira função desse profissional. O gerente do banco não é um consultor financeiro pessoal, mas sim um profissional com grande conhecimento de “como”, mas sem muito interesse pelo “por que”.

Em outras palavras, eles vendem bem o produto do banco, mas nem sempre se preocupam sobre sua adequação à sua situação financeira[bb]. Ao não perceber essa diferença, corre-se o risco de assinar e participar de péssimos negócios.

Quase todas as recomendações do gerente atendem aos interesses do banco. Afinal, ele é um vendedor e, como tal, trabalha e é recompensado a partir de metas a serem alcançadas.

Quer um exemplo básico do quanto os interesses do banco estão sempre em primeiro lugar? Que tal os constantes apelos feitos para que compremos os tão conhecidos títulos de capitalização? Como já vimos, aqui mesmo no Dinheirama, títulos de capitalização são uma furada.

Teste bem o seu gerente
Acredito, claro, que existam profissionais que fujam à regra, que aconselhem e apresentem boas sugestões aos seus clientes. No entanto, tais exemplos são mais raros. Repare na situação abaixo, que passa despercebida aos olhos de muitas pessoas:

Os juros aplicados sobre a utilização do cheque especial são muito altos. O consultor financeiro, compromissado com seu cliente, certamente recomenda outros meios de obtenção de crédito, com juros menores. O gerente do banco, quase sempre, se cala.

Os gerentes bancários são bons no relacionamento, mas pecam por mantê-lo superficial demais.
Já conversei, por diversas vezes, com gerentes que não sabiam explicar os tipos de fundos e produtos de acordo com perfis diferenciados de clientes. Conhecem o produto, mas ignoram o universo trazido à tona pelos clientes.

Ao confundir o trabalho do gerente com o do consultor, você corre o risco de investir seu capital em um fundo conservador demais (e com alta taxa de administração), já que a maioria dos profissionais do banco preferem usar a caderneta de poupança como benchmark. Vencer a poupança não é nenhum mérito, portanto preste bastante atenção quando for negociar seu futuro financeiro.

Tarifas, um negócio à parte.
Os bancos brasileiros faturam horrores com as mais variadas tarifas e serviços. Muitas vezes, eles escondem tarifas em seus serviços, que somente serão notados bem mais tarde, quando já é tarde demais. Com o objetivo de coibir essa ação, surge o CET – Custo Efetivo Total. Será que vai funcionar? Já vi que muitas tarifas estão sendo reajustadas antes da medida entrar em vigor. Enfim.

Um gordo saldo em sua conta e uma boa dose de pró-atividade podem facilitar sua relação com as tarifas. Se você não se mostrar presente no dia-a-dia de suas finanças, não adianta esperar nenhum tipo de ação do banco para facilitar sua vida.

Aliás, só há um verdadeiro vilão das finanças: o descaso e a falta do comprometimento pessoal, da vontade de investigar e discutir amplamente as possibilidades que uma economia estabilizada (mais ajustada) propicia. A culpa é sua. Minha. Nossa. Valeu o debate? Até sexta-feira.

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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para Marcio Eugenio.

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