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A crise em 2008, seu bolso e suas expectativas para 2009

por Ricardo Pereira
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A crise em 2008, seu bolso e suas expectativas para 2009A crise se estende e parece cada dia apresentar um novo fator complicador. Tentamos abordar outros assuntos também relevantes, mas inúmeros leitores seguem preocupados com os rumos da economia. São e-mails e mais e-mails com dúvidas sobre a crise em 2009. Todos estão preocupados, e com razão, afinal a idéia da “marolinha” que passaria sem estardalhaço e não afetaria o Brasil parece definitivamente enterrada. Vamos ser atingidos – já estamos sendo – e de maneira perigosa.

A questão do crédito, já bastante discutida por aqui e em inúmeros veículos da imprensa especializada, ainda não esta sendo eficientemente erradicada. Os bancos não repassam ao sistema financeiro o capital e as facilidades que o governo preparou para economia – dessa forma, o dinheiro continua escasso e caro. As finanças[bb] de algumas famílias e o consumo se deterioram.

Adoro a frase que muitos pais usam diante dos desejos dos filhos: “dinheiro não nasce em árvore”. Pois é, não é fácil conseguir dinheiro. No entanto, a retenção do dinheiro e a alta porcentagem dos juros só complicam ainda mais a situação. Já reclamei e volto a praguejar: os juros nesse patamar chegam a ser um verdadeiro crime. Mas hoje falaremos de outra coisa, prometo.

O G-20 e os países emergentes
Na última reunião do G-20, grupo das 20 principais nações do mundo, um dos pontos discutidos e considerados primordiais pela maioria dos participantes foi a necessidade de queda dos juros básicos das economias pelo mundo, como forma de não penalizar a cadeia produtiva e a recuperar o crescimento do consumo.

Sozinhos, os países emergentes não agüentarão levar o mundo nas costas por muito tempo, principalmente considerando as proteções comerciais que impedem o livre comércio mundial e melhores condições de negócios entre gigantes e economias emergentes.

Nesse contexto, começam a surgir sinais de contaminação na economia real. Chegamos no ponto central da discussão de hoje: segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no mês de outubro o rendimento médio do trabalhador brasileiro foi de R$ 1.258,20, valor que representa queda de 1,3% em relação ao mês anterior.

A diferença aparentemente pequena mostra um sintoma que pode significar o inicio de um período de retração econômica no país – outro bom argumento para início de novos cortes na taxa de juros. Ah, sim, existem outras explicações para esse resultado, como o maior número de pessoas no mercado de trabalho[bb] ou mesmo as contratações de temporários para o período de fim de ano. No entanto, a questão da crise mundial não pode ser, em hipótese alguma, descartada.

Enquanto isso nos EUA
A saga da crise e os sintomas da recessão se tornam cada vez mais fortes e palpáveis a cada dia. Já se acredita que os indicadores da economia serão praticamente nulos neste período. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o indicador CPI (índice de preços ao consumidor dos EUA) apontou deflação de 1% em outubro.

O que isso representa? Para o Departamento de Trabalho americano, trata-se da maior queda deste indicador desde fevereiro de 1947. Em setembro, o mesmo índice havia ficado estável. Esses indicadores econômicos nos EUA confirmam de vez a percepção de que a maior economia do planeta pode entrar em recessão.

Ontem, o índice de preços PPI (preços no atacado) veio de encontro às expectativas mais pessimistas, registrando uma variação negativa de 2,8% em outubro, a pior deflação num único mês desde 1947. E hoje, o Departamento de Comércio informou que a atividade de construção de imóveis residenciais bateu recorde de baixa no mês de outubro, com um recuo de 4,5%.

Recuos, números negativos, desaceleração. A coisa não está fácil lá não: ontem, um pedido desesperado da indústria automobilística ao congresso norte-americano teve grande repercussão, iniciando inclusive um grande debate sobre o potencial destrutivo da quebradeira em mais esse segmento.

Afinal, por que tanta notícia ruim?
Ah, certo, tudo isso para dizer que quem ainda não colocou as “barbas de molho” deve se preparar para um período de estagnação. O final de ano é uma época de grandes gastos e de muitas festas que, desta vez, precisa ser encarado de forma diferente. Poupe e gaste o que seu orçamento[bb] permitir, evitando financiamentos e parcelamentos longos demais.

Traduzindo, fuja das dívidas. Não porque você não será capaz de pagá-las ou porque somos sovinas e não queremos que você desfrute de seu décimo terceiro ou de algumas “comprinhas” com a família. Fuja do endividamento porque 2009 ainda é uma grande incógnita para todos, inclusive para governos, analistas e, principalmente, economistas. Simples assim. Até sexta.

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Ricardo Pereira é consultor financeiro, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para stock.xchng.

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