Home Internet O consumidor e a relação de consumo. Quem paga a conta?

O consumidor e a relação de consumo. Quem paga a conta?

por Conrado Navarro
0 comentário

O consumidor e a relação de consumo. Quem paga a conta?Você certamente já ouviu a jocosa pergunta “Quem paga a conta?” enquanto participava de alguma conversa relacionada aos tributos/impostos pagos pelos brasileiros ou quando o assunto tinha relação com a posição de consumidor. Quem paga a conta? – Pergunto, pois. “O consumidor!”, você há de responder e concordar comigo.

As regras básicas de negócios dizem que quando os custos de produção e venda sobem, o preço final do produto também sobe. Inflação? Também. Margens de lucro são sempre trabalhadas de forma inteligente e cuidadosa, com o nobre objetivo de manter a empresa interessante do ponto de vista de seus donos e/ou acionistas. Mas isso é óbvio, só não aceita ou não enxerga quem não quer.

Prática comum hoje em dia, os preços costumam ser trabalhados entre fornecedores, distribuidores e lojistas de forma a criar uma oferta uniforme de produtos a preços e condições de pagamento semelhantes. Os valores são tabelados, salvo raras exceções. Isso acontece por uma razão muito simples: uma enorme parcela dos consumidores[bb] busca apenas a forma mais fácil de comprar determinado item, não aquela melhor para o seu bolso.

As políticas agressivas de descontos existem, é claro, mas gradativamente dão lugar às facilidades de compra associadas ao crédito. Lojas grandes não tem problema de capital de giro e portanto se interessam muito mais em crescer vendendo dinheiro que comercializando produtos.

Imagine-se “fora da caixa”
Pense como um grande empresário do setor de varejo por alguns instantes.

Um item do estoque, uma TV LED[bb] ultrafina, é comprada do fornecedor em grande quantidade por R$ 2.000,00 a unidade. Aos seus custos de aquisição somam-se impostos, despesas administrativas, de estoque e pessoal. Suponha que seu custo total para a empresa seja de R$ 3.000,00. O próprio fornecedor concede uma sugestão de preço final de venda ao mercado, digamos R$ 4.000,00. A diferença, R$ 1.000,00, compõe a margem possível de ganhos para o lojista;

A empresa aceita o preço sugerido e decide anunciar a TV LED ultrafina em suas lojas por R$ 3.999,00 à vista ou em 10 vezes sem juros. Neste caso, o lucro fica em torno de 25% (diferença entre o preço de venda, R$ 3.999,00, e o custo, R$ 3.000,00). No entanto, a loja oferece uma forma “exclusiva” de pagamento: 24 parcelas de R$ 298,12 no cartão da rede ou crediário. A TV LED ultrafina sairá então pela bagatela de R$ 7.150,00 para o consumidor.

Entra em cena a financeira do grupo: a operação consiste em emprestar o dinheiro para o cliente, que então passa a estar sobre cláusulas contratuais de uma operação de crédito. A margem final salta para quase 138% (diferença entre o preço final, R$ 7.150,00, e o custo, que continua a ser R$ 3.000,00). A TV LED ultrafina é a isca, o objeto de desejo, mas o produto é (sempre foi e será) o dinheiro.

O preço justo é uma utopia?
Os mais atentos dirão que comprar do fornecedor com prazo de pagamento menor que aquele em que se vai receber do cliente, bem como o risco de calote no empréstimo são variáveis que devem ser cuidadosamente consideradas. Verdade. E são. As grandes redes negociam prazos elásticos de pagamento e garantem, com as reservas financeiras e vendas à vista, margem de segurança para a inadimplência e a negociação com fornecedores[bb].

Basta acompanhar os resultados publicados na mídia. A estratégia é muito bem amarrada e executada. Quem paga a conta? Pois é, mas não se desespere (ainda), afinal esse é um retrato de como os negócios funcionam. Não há nada com que se revoltar, especialmente quando descobrimos que o sistema só funciona tão bem e gera tanto lucro porque optamos pela satisfação imediata em detrimento da construção de patrimônio.

Quem coloca tanto dinheiro no bolso de tão poucas pessoas somos nós. Então a culpa é minha, sua, nossa? Pensando bem, é revoltante. O que fazer? Negociar! Pechinchar! Optar por lojas menores, com maior flexibilidade. Comprar pela Internet. Pesquisar preços. Optar por comprar à vista depois de conseguir um bom desconto.  Talvez você tenha entendido porque insisto tanto nisso. Talvez não. Você vai continuar pagando a conta? Eu não!

Nota: os valores de referência usados neste texto são fictícios, extraídos única e exclusivamente de minha cabeça e usados de forma puramente didática. Faça sua própria análise quando decidir-se pela próxima compra. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Infelizmente.

Crédito da foto para freedigitalphotos.net.

Sobre Nós

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.  Saiba Mais

Mail Dinheirama

Faça parte da nossa rede “O Melhor do Dinheirama”

Redes Sociais

© 2023 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.