Home Finanças Pessoais Riqueza: ser rico sem ser milionário ou pensar em dinheiro

Riqueza: ser rico sem ser milionário ou pensar em dinheiro

por Conrado Navarro
0 comentário

Riqueza: ser rico sem ser milionário ou pensar em dinheiroRiqueza é um estado mental que se reflete em nossas atitudes, amizades, família e trabalho. Começo a perceber que a consequência para uma mente verdadeiramente rica é o dia-a-dia com qualidade de vida. Não consigo acreditar que o profissional bem remunerado que precisa carregar dois, três celulares e trabalhar 14 horas por dia seja uma pessoa rica. Ser rico é muito mais do que ter muito dinheiro. Você, o que acha?

A cada dia que passa fico mais convencido de que a riqueza não é uma busca, mas uma simples constatação. Ser rico é desfrutar o dia, sorrir para o estranho e usar palavras carinhosas para descrever seu amor à família; é viver ao lado de quem nos faz bem, perto de quem nos quer bem e podendo desfrutar de manias, momentos de reflexão e algum trabalho.

Ser rico é ter tempo para ser você, sem culpa pelo que abdica para que essa realidade se apresente.

A tecnologia avança, as barreiras deixam de existir. Fica fácil negociar com qualquer um, em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora. O celular funciona como plataforma de trabalho e dele podemos extrair relatórios, fazer conferências e até mesmo comprar e vender ativos. Chamam isso de liberdade?

E o e-mail e o Whatsapp que tiraram o charme da comunicação escrita? A mensagem sai daqui e chega lá num piscar de olhos, não dá tempo de se arrepender. Não dá tempo de dar tempo ao que realmente se pretende tecer com as palavras. Teclamos, teclamos. Se a resposta não chega em minutos, recebemos outra mensagem. Ou o telefone toca. A hiperconectividade gera ansiedade, qualquer medida é urgente, toda demora é digna de repreensão.

Não me admira que existam técnicas diversas para dar conta da “Caixa de Entrada”. Respostas a e-mails em poucas linhas, organização em pastas, respostas em lote. Como também existem técnicas para realizar reuniões mais rápidas, para usar melhor o telefone celular ou o computador. E quem ensina a amar? Quem ensina como valorizar a família? Quem ensina a ser mais feliz? Rico de Verdade, como bem diz Roberto Tranjan, é outra coisa.

Gerações passadas aproveitavam o domingo para reunir a família em torno de deliciosas pamonhas. Quem conhece a receita da pamonha sabe que é épico e demorado o trabalho para transformar o milho neste delicioso doce. A família sabia disso e fazia da tarefa na cozinha um momento de comunhão. Passavam o dia cozinhando, conversando e, mais importante, curtindo uns aos outros. O telefone não tocava, não existia ou era item de luxo. Não havia Facebook.

Hoje existe uma profusão de restaurantes tipo Self-Service. O almoço de domingo dura pouco mais de uma hora, com os jovens reclamando da demora – a vontade de isolar-se no computador, em casa, é imensa – e os mais jovens grudados aos Nintendos DS, iPhones enquanto esperam pela comida. A isso o genial educador Mário Sérgio Cortella chama de “despamonhalização da sociedade”.

Cabe lembrar a situação do profissional nas empresas. Em muitas delas, o funcionário tem apenas uma hora de almoço. Precisa correr, comer, corresponder. Regras. Procedimentos. Horário. Como ser humano sendo chamado de recurso? Humanizar as relações profissionais é tema urgente, como muito bem defende Bernadette Vilhena e Eduardo Cupaiolo.

Parece não haver saída, só justificativas. Resta aceitar o sistema (palavra da moda) porque dele se obterá recursos financeiros suficientes para melhorar o padrão de vida familiar, para viajar mais, para comprar isso, ter aquilo. Para morar em uma casa maior. Para dirigir um carro melhor. Infelizmente, para muitos a riqueza tem apenas fins de inclusão social. Ostentar para parecer mais. Para ser e fazer sombra.

Enquanto isso cada vez mais casamentos terminam, disfarçados pelos problemas financeiros, uns tantos filhos se apoiam nas drogas para experimentar o novo e carreiras promissoras são encerradas por delicados traumas psicológicos e de saúde. O arrependimento invade o lar como um tsunami e passa arrasador, levando consigo o significado de família, seus retratos felizes e momentos marcantes.

Nestas situações, o inventário é sempre triste: faltou o diálogo sincero, sem que alguém sempre precisasse ter a última palavra; faltou ouvir; faltou chegar em casa mais cedo e surpreender quem se amou com uma flor; faltou sujar-se na cozinha tentando fazer uma receita para o jantar familiar; faltou rir mais; faltou dizer “obrigado”, “por favor” com mais frequência; faltou ser criticado sem retrucar; faltou ser humilde.

Faltou ser fiel ao princípio básico da riqueza: enriquecer também o todo que nos cerca. De que adianta acumular dinheiro enquanto a família se desagrega? Achar possível que o dinheiro compre carinho, admiração e felicidade é ser ingênuo. Para estes, o dinheiro serve apenas como consolo, um misto de culpa e tristeza.

E daí? Onde é que tudo isso se relaciona com as finanças pessoais, tema principal deste espaço? Por que o desabafo? Dinheiro não pode ser problema, tem que ser solução. Ora, a riqueza pressupõe equilíbrio para que seja sustentável. Se tiver que escolher, escolha a qualidade de vida. Sempre. Se tiver que recomeçar, mudando inclusive de cidade e profissão, faça-o. Não hesite, aconteça. Se for chamado de hipócrita, ria. Sorria.

Ser rico não é ter a conta bancária recheada, o apartamento mais luxuoso e a roupa da moda. Ser rico é suspirar ao ler este artigo, deixar que os olhos fiquem marejados se isso trouxer algum conforto e permitir que a mente lhe encha a imaginação de flashes. Como é bom estar vivo, não? Pois o rico é estar vivo e despertar nos outros esta sensação. O dinheiro faz parte, depende de você ver nele possibilidades de ser mais feliz.

Crédito da foto para freedigitalphotos.net.

Sobre Nós

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.  Saiba Mais

Mail Dinheirama

Faça parte da nossa rede “O Melhor do Dinheirama”

Redes Sociais

© 2023 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.