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A crise de 2008 não acabou? Os EUA, Obama, o Triple A e o Brasil

por Ricardo Pereira
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A crise de 2008 não acabou? Os EUA, Obama, o Triple A e o BrasilEstamos acompanhando de perto os desdobramentos do rebaixamento da nota de crédito dos EUA, realizado pela Standard & Poor’s na última sexta feira. Por que os EUA perderam o rating AAA? De acordo com o noticiado, o que pesou de forma definitiva para o rebaixamento foram questões políticas, que ficaram nítidas nos últimos dias dos esforços para se chegar ao acordo que permitiu a elevação da dívida pública do país.

Para entendermos melhor o que acontece atualmente na economia americana, não podemos desconsiderar alguns personagens que hoje parecem escondidos e sobre os quais pouco se fala de verdade – especialmente no que se refere à responsabilidade que possuem diante do atual momento econômico do mundo.

Personagens que merecem (des)crédito
O primeiro é George Bush, grande responsável pelo aumento nos gastos do governo, principalmente no lado militar, justificado pela chamada “Guerra ao Terror” nas caçadas cinematográficas a Bin Laden e Sadam Hussein.

Outro artista principal e um dos grandes responsáveis pela crise que se iniciou ali em 2008 atende pelo nome de Alan Greenspan, segundo aponta William Fleckenstein em seu livro “As Bolhas de Greenspan”. Alan Greenspan ficou conhecido como “Oráculo”, “Maestro” e foi o homem forte da economia norte-americana (e pode-se dizer mundial) por quase duas décadas. Seu papel na crise foi confiar e incentivar o funcionamento do livre mercado sem regulamentação (regras claras) e a devida fiscalização. Ele “deu asas” à “criatividade financeira”.

O que está acontecendo agora?
A crise atual nada mais é do que reflexo do que estourou em 2008, a chamada crise de crédito, que rapidamente contaminou boa parte do mundo rico. O grande problema é que ao mesmo tempo (desta vez) se percebe nos EUA uma incapacidade em conciliar as necessidades econômicas do país e os interesses políticos entre Democratas e Republicanos.

A base de sustentação do governo na câmara dos deputados é insuficiente para garantir a governabilidade de Obama – isto está claro. O desfecho é um presidente “perdido”, sem força para levar adiante importantes mudanças e sem apoio para tratar de questões importantes sem que tudo se transforme em mera disputa política.

Obama, uma marionete nas mãos do Congresso
O desgaste da figura antes tão celebrada de Obama durante a discussão do acordo para elevação da crise é algo alarmante. Tão alarmante que foi esse o principal componente para que a principal agência de crédito reduzisse, pela primeira vez na história, o triplo A da dívida americana.

Europa junta os cacos…
Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, Portugal, Espanha, Itália e Grécia parecem depender da boa vontade de seus pares da União Européia (leia-se França e Alemanha) para não caminhar em um caminho ainda mais perigoso. Já tem gente se perguntando “O que será da Zona do Euro?” e também apontando datas para que os países do Velho Mundo voltem a usar suas antigas moedas próprias.

A realidade é dura. É difícil imaginar um país como Espanha com desemprego próximo de 20%. A verdade é que essas grandes nações, que passaram décadas ensinando os antes países de terceiro mundo sobre como se comportar economicamente, parecem ter esquecido os princípios básicos da ciência econômica e optado pela pura e simples “lei do mercado” – onde praticamente tudo é permitido.

Tudo cheira mal!
O endividamento americano, por exemplo, é algo que beirou a podridão. Era claro que, mais cedo ou mais tarde, a corda ia acabar se rompendo e o que sobraria seria a sombra e a escuridão em Wall Street. Discursos e análises sensatas sobre a crise de 2008 e seus efeitos duradouros foram proferidos à exaustão por vozes em todo o globo. Alguém prestou atenção? Pra quê, se os bolsos estavam se enchendo em algum lugar?

Fundos de hedge mandaram e desmandaram nas pequenas economias, fazendo e acontecendo conforme o vento mudava de direção. Até agora, não sabemos de fato o quão especulativos são os movimentos nos mercados globais, sabemos apenas que novas regulações e controle mais rígido são necessários. Não era isso que Obama prometia durante sua competente campanha eleitoral?

O que acontecerá com o Brasil?
Olhando para nosso umbigo, o primeiro e natural desdobramento da crise é a fuga de capital na bolsa de valores. Nossa bolsa, com cerca de 600 mil investidores pessoa física, vive à mercê dos ventos externos e, mesmo com o mercado aquecido e o país crescendo, levamos tombos históricos como de hoje.

Tudo indica que a taxa de juros pode até cair no curto prazo, mas se manterá alta se levado em conta os padrões internacionais. Aliás, acredito que o fluxo de investimentos e mesmo o de capital especulativo continuará trazendo muitos dólares para o país.

Nossa lição de casa continua a mesma: gastar melhor e elevar o nível de dinamismo da máquina pública, o que resultará em um país naturalmente mais eficiente e competitivo. Falo de incentivar ainda mais o capital produtivo, nossos empreendedores e em levar adiante reformas como a tributária, previdenciária e trabalhista. A quanto tempo falamos disso, não é mesmo?

E essa história de “o país do futuro”?
Temos, sim, uma excelente oportunidade para o futuro, mas tudo dependerá do que faremos a seguir. Investir pesadamente em infraestrutura – mas com inteligência, sem corrupção e em caráter de longo prazo – e tornar o país ainda mais atraente para o capital externo de qualidade tem que ser mais do que uma meta.

Nesse meio tempo, “cautela e caldo de galinha não farão mal a ninguém”. Mais cedo ou mais tarde, grandes e boas oportunidades continuarão aparecendo, inclusive para aqueles que nesse momento criticam (sem fundamento) o mercado de ações. Vejamos onde tudo isso vai nos levar… Estamos de olho.

Foto de sxc.hu.

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