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O Federal Reserve e suas finanças pessoais

por Artur Salles Lisboa de Oliveira
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dinheirama-destaque-fed

dinheirama-post-fedDe que forma o banco central norte-americano influencia nossa renda, despesas e decisões de investir em bolsa de valores? O leitor pode achar que não há relação entre as duas variáveis ou talvez algum resquício da política monetária americana possa eventualmente impactar a economia brasileira e, por conseguinte, nossas finanças e investimentos, mas reafirmo a insustentabilidade desse argumento pelas razões a seguir expostas.

Quando o Federal Reserve, em face à crise financeira de 2008-2009, decidiu comprar bilhões de dólares mensais em títulos (do Tesouro e aqueles atrelados ao setor imobiliário), a autoridade monetária teve como claro objetivo gerar uma forte demanda sobre os ativos mencionados para manter as taxas de juros correspondentes em níveis bastante baixos.

Acreditava-se, à época, que por meio de uma política agressiva de aquisição de títulos, o Federal Reserve seria capaz de baratear operações de empréstimos e financiamento destinadas às empresas, facilitar o acesso ao crédito por parte dos consumidores e, em especial, viabilizar a renegociação das hipotecas que atormentavam as famílias já atoladas em dívidas.

O cenário americano já foi exposto. E de que forma a política mencionada impactou as finanças pessoais das famílias brasileiras?

Vale ressaltar que o que será exposto é a lógica do pensamento econômico e financeiro, mas como há outras variáveis relevantes no mercado (sentimento dos investidores, por exemplo), não é possível colocar os argumentos a seguir como regras infalíveis.

Renda

Ao trazer as taxas de juros americanas a um patamar próximo de zero, investidores globais são estimulados a realizar operações de carry trade (captar recursos em praças com juros menores para em seguida levar este capital para países com prêmios mais elevados). Dessa forma, ganha-se com o diferencial das taxas de juros.

Este fluxo de capital para praças com juros mais elevados acarreta na desvalorização do dólar e no fortalecimento da moeda local. As importações se tornam mais viáveis e, por conta disso, a população tem mais condições financeiras de adquirir produtos importados. Os insumos industriais de origem estrangeira se tornam mais baratos e, por conta disso, o custo de produção se reduz.

Por outro lado, as exportações são “machucadas” pelo menor poder de compra do dólar em relação à moeda local. Isso pode acarretar menor nível de renda da população e, por conseguinte, um patamar de desemprego mais elevado.

Despesas

Uma moeda local mais forte em relação ao poder de compra da moeda americana significa que mais nacionais irão buscar viagens para o exterior (e, por conseguinte, menos pessoas viajarão internamente em seus países), o que fatalmente acarretará em menos consumo de produtos e serviços. Desemprego pode se suceder com expressiva diminuição do nível de renda de certos segmentos da população.

A população terá mais condições de consumir produtos importados (livros, alimentos, vestuário, etc), o que trará competição às empresas locais. Mais nacionais também terão a oportunidade de arcar com as despesas de cursos secundaristas e de nível superior no Exterior, elevando o grau de qualificação da população.

Investimentos

Uma taxa de juros mais elevada significa que as pessoas estarão mais dispostas a manter os seus recursos em aplicações no banco para a formação de uma poupança que poderá ser desfrutada no futuro.

Os empresários, seguindo a mesma lógica, ponderarão que não faz sentido realizar investimentos (sob o ponto de vista econômico, investimento significa a aquisição de bens, equipamentos e estoques para elevação da produção futura) quando por um risco bem baixo é possível ganhar juros mantendo recursos nos bancos. Portanto, juros maiores inibem a disposição do setor produtivo em incrementar sua produção.

O mesmo se aplica às bolsas de valores: investidores relutarão em aplicar seus recursos nas empresas, especialmente em um cenário global de grandes incertezas e elevadíssima volatilidade, quando ao emprestar para o melhor pagador da praça (o governo) é possível obter retornos significativos por um risco mínimo.

Esse esvaziamento (teórico) das bolsas de valores em prol dos investimentos de renda fixa dificulta a captação de recursos pelas empresas mediante oferta de ações ou emissão de dívidas. O resultado: menos dinheiro no caixa das empresas para a viabilização de seus projetos de médio e longo prazos.

A economia como um todo perde, o que significa menos empregos e menor nível de renda.

Foto Shutterstock. Federal Reserve Building in Washington DC, United States

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