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Política no Brasil: Rumo à supremacia do bom senso?

por Plataforma Brasil
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Política no Brasil: Rumo à supremacia do bom senso?

Por Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial.

O bom senso parece dar as caras novamente por aqui? Parece que sim. Mas, calma, não se engane, este texto não é uma tentativa de resgatar o malfadado triunfalismo de poucos anos atrás. Prometo também não ativar o ufanismo empoeirado (ainda bem) de alguns discursos soterrados pela dura realidade.

Ah, claro, também não espere aqui uma tentativa de prever o imprevisível resultado do pleito de novembro (sim, porque vai haver segundo turno, isso dá para ter certeza). De toda essa conturbada história, algum caldo sobre bom senso se pode extrair.

Antes, façamos uma breve viagem por algumas economias mais maduras. É razoável imaginarmos o partido de Angela Merkel (o FDP – Partido Democrata Livre) sendo substituído por alguma outra força política que apoie a fragilização dos fundamentos de austeridade fiscal e liberalismo econômico que fizeram da Alemanha o único país realmente sólido da União Europeia contemporânea? Não creio.

Alguém consegue imaginar a sociedade norte-americana em pânico diante do resultado das próximas eleições de 2016, quando Barak Obama será substituído, por conta de mudanças radicais ou obscuras, colocando o futuro da nação em uma rota que poderia ser trágica? Não.

É possível pensar em uma Inglaterra recolocando os trabalhistas no poder, porém com uma plataforma política radical, tal qual se observou nos anos 70? Não, é obvio que não.

Por que perguntei tudo isso? Por que as hipóteses que levantei não parecem prováveis? Simples, esses países não são apenas governados por partidos fiscalizados por sólidas instituições, são também governados sob o signo da supremacia do bom senso.

Lá, a razoabilidade impera de forma avassaladora e quem ousa importuná-la paga com escassez de votos e ostracismo político. Não se trata de perfeição, que obviamente não existe, e nem de uma blindagem diante de caminhos mais desastrosos, mas de uma parede diante do absurdo. E isso já é o bastante.

Voltemos para o solo pátrio. Alguém consegue identificar e relatar com clareza alguma diferença relevante entre as propostas econômicas dos três principais competidores ao palácio do planalto? Naturalmente, algumas diferenças existem entre o grupo governista e os outros dois.

Há a aposta “desenvolvimentista”, que envolve um maior intervencionismo do estado, mas que sofre a oposição de um modelo mais liberal e ortodoxo quanto ao chamado tripé econômico (regime de metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário).

Contudo, mesmo o grupo da atual presidente se nega a admitir que abandonou a tríade que alicerçou as bases da nossa estabilidade econômica – e se preocupa em fortalecer o compromisso diante do empresariado, da imprensa e na própria propagando política.

Do outro lado, a convergência em matéria de política econômica das equipes de Aécio e Marina convergem ao ponto de não se observar mínimas diferenças, e com o setor do agronegócio nenhum dos dois brinca, estabelecendo interlocuções claras que visam eliminar temores ou incompreensões.

Refletiria esse cenário a total falta de “originalidade” de nossas principais forças políticas? A resposta é não. Trata-se de amadurecimento, puro e genuíno. Algum bom senso, como eu antecipei no início do texto, parece ter aparecido por aqui.

Em resumo (e de uma vez por todas, espero!), aprendeu-se que a sociedade brasileira não quer abandonar a democracia e seus pilares fundamentais de liberdade.

Aprendeu-se, parece, que com a inflação não se brinca, que perseguir a redução e o controle dos gastos públicos não pode ser uma quimera, que um banco central sem autonomia (com ou sei lei que imponha um mandato independente, vá lá) incomoda a todo o setor produtivo, que amaldiçoar o empresariado estigmatizando-o é meio ridículo e que não reconhecer a força do agronegócio é amadorismo absoluto.

Para encerrar, afirmo que é muito cedo para saber se o nosso destino inequivocamente será o de nos tornarmos uma economia madura, de bom senso, tal qual as que citei no início do artigo, afinal há muito o que fazer e resolver. Mas, de uma forma ou de outra, estamos na rota certa, disso não tenho dúvida. Quem viver verá. Obrigado e até o próximo.

Foto “Eleições 2014”, Shutterstock.

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