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Dinheirama Entrevista: André Massaro, Educador Financeiro, Escritor e Palestrante

por Ricardo Pereira
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Dinheirama Entrevista: André Massaro, Educador Financeiro, Escritor e Palestrante

Muita gente concorda que é relativamente fácil olhar para a economia do Brasil hoje e apontar os problemas e dificuldades que enfrentamos e teremos que enfrentar nos próximos anos para retomar um caminho de crescimento sustentável. São vários os desafios.

Entretanto, poucos foram os profissionais que perceberam esse caminho tortuoso e difícil há um bom tempo, quando “tudo eram flores”. Um dos profissionais que fez esse alerta foi André Massaro, Educador Financeiro, Escritor, Palestrante e Autor, ao lado do Conrado Navarro, do best-seller “Dinheiro é um Santo Remédio”.

Hoje, momento em que estamos “no olho do furacão”, André concedeu uma nova entrevista para o Dinheirama, desta vez abordando o que está de fato acontecendo no Brasil e do mundo. Ele afirma, entre outras coisas, que ainda existem ótimas oportunidades por aqui.

Mais uma vez contamos com a lucidez do André, e o papo você confere logo abaixo:

André, serei bem direto na primeira pergunta: qual sua avaliação sobre os desafios da economia em 2015?

André Massaro: Nós temos uma situação bastante complexa pela frente. Temos várias questões desafiadoras, como o possível esgotamento de um ciclo de crescimento baseado no crédito, uma economia que se “recusa a crescer” (o infame “pibinho”) e, de certa forma, uma crise de confiança política e econômica.

E o pior: nada disso é surpresa ou novidade. É a consequência de tudo aquilo que foi “plantado” nesses últimos anos. Muitos leitores provavelmente se lembrarão daquelas já clássicas capas da revista britânica The Economist.

Em 2009, uma das edições mostrava uma montagem com o Cristo Redentor imitando um foguete, rumo ao céu. Já em 2013 a revista mostrava a mesma capa, mas com o “Cristo foguete” embicando rumo ao chão. Relembre com as imagens abaixo:

Capas Revista "The Economist"

O Brasil deixou de ser a “bola da vez” e voltou a ser aquilo que, de certa forma, sempre foi: um país exótico e que desperta grande ceticismo, especialmente na economia.

Os números mostram que vivemos uma situação de pleno emprego. Ao adotar uma política econômica mais ortodoxa, correremos o risco de ver esse o desemprego aumentar?

A. M.: Se sairmos na rua e conversarmos com algumas pessoas, veremos que muitos não acreditam nessa situação de “pleno emprego”. Aliás, como vocês e os leitores sabem, tenho uma atuação bastante forte na área de educação financeira para funcionários de empresas, e tenho ouvido de profissionais de recursos humanos que a coisa não anda muito “fácil”.

Há poucos anos um dos maiores problemas das empresas, naquilo que diz respeito às finanças pessoais dos colaboradores, era funcionários que pediam para serem demitidos, para levantarem verbas rescisórias e quitarem dívidas. Faziam isso na expectativa de que, rapidamente, encontrariam outro emprego. O que tenho ouvido é que isso já não acontece mais, ou pelo menos não com tanta frequência.

Se o governo adotar o rumo da ortodoxia, acho inevitável que, ao menos no curto prazo, haja consequências negativas para a economia, e o emprego também deve sofrer. Mas não adotar uma postura ortodoxa pode ser ainda pior e comprometer nossas perspectivas num prazo maior.

No início de 2014, você falou sobre o que chamou de “Empreendedorismo Hot-Dog”, uma espécie de caminho para pessoas que perdem o emprego. Você ainda mantém sua tese?

A. M.: Mantenho a minha visão. Eu creio que com o endurecimento do cenário econômico, apostar em negócios com maior grau de sofisticação e inovação será ainda mais difícil do que já é.

Acredito também que haverá consequências negativas no emprego e isso acabará forçando muita gente a uma situação de empreender por necessidade, um “empreendedorismo de subsistência” que, naquele artigo, acabei chamando de “Empreendedorismo Hot Dog”.

O ano de 2014 foi um ano atípico, com eventos importantes – Copa e Eleições, para citar dois – que, de certa forma, tomaram boa parte do tempo das pessoas. Sem grandes eventos, os temas importantes da economia tomarão maior espaço na vida das pessoas em 2015?

A. M.: Eu acredito que sim, e não só pela ausência de outros grandes temas, mas principalmente pelo esgotamento do modelo de crescimento baseado no crédito farto e fácil ao consumidor.

As pessoas estão bastante endividadas (ao menos para os padrões brasileiros) e já é perceptível uma maior preocupação das pessoas com a situação financeira pessoal e familiar.

Creio que ao longo de 2015, vai “cair a ficha” para muita gente e o foco deve migrar para a economia, especialmente para o emprego (ou a falta dele).

Como você avalia os nomes que farão parte da nova equipe econômica do Brasil?

A. M.: Entendo que o governo foi conservador e pragmático na escolha dos nomes. Nosso atual governo tem, em alguns momentos, uma postura que pode ser classificada como “antimercado”, mas desta vez me parece que optaram por um caminho mais ortodoxo.

Inclusive o recente aumento das taxas de juros já é um sinal na direção da ortodoxia e de uma maior “dureza” na condução da economia. Agora só nos resta esperar e observar…

Observando as possibilidades que temos pela frente, qual postura o investidor deve adotar?

A. M.: Correndo o risco de ser repetitivo (pois falei coisas parecidas no final do ano anterior), creio que devemos adotar uma postura mais conservadora e defensiva.

O mercado de renda variável não vive seu melhor momento, mas, por outro lado, a renda fixa vai muito bem, obrigado. Voltamos a ter as maiores taxas de juros reais do mundo e temos uma série de opções de investimento interessantíssimas, como os títulos públicos (negociados via Tesouro Direto) e títulos de crédito (como CDBs e LCIs) de bancos menores, que pagam excelentes taxas.

Aquele indivíduo que está com a vida financeira “em ordem”, sem dívidas e com disponibilidade de dinheiro para investir encontrará excelentes oportunidades de baixo risco no universo da renda fixa.

Muitos brasileiros falam em deixar o país, descontentes com o atual governo e por não enxergarem alternativas de crescimento. Além disso, mostram-se preocupados com áreas como educação, saúde e segurança. Qual sua avaliação sobre essa realidade?

A. M.: Eu entendo a preocupação dessas pessoas, mas acredito que há alguns exageros. Temos problemas sim, mas ainda estamos distantes de uma situação de total colapso social e econômico como algumas pessoas gostam de pintar.

A decisão de sair ou não do Brasil é algo muito pessoal e implica em muito mais que mero descontentamento com o governo. É uma mudança radical de estilo de vida, e as pessoas precisam analisar criteriosamente para ver se os benefícios compensarão os custos e riscos.

Precisamos considerar que a vida nas economias desenvolvidas não está exatamente “fácil”, especialmente por causa da dificuldade em obter emprego. Então quem pensa em sair do Brasil, mas não tem reservas financeiras consideráveis, poderá ter um problema adicional e talvez chegue à conclusão de que é melhor insistir um pouco mais por aqui.

André, muito obrigado pelo seu tempo. Por favor deixe uma mensagem final para os leitores do Dinheirama que admiram muito seu trabalho.

A. M.: Para mim é sempre um prazer conversar com vocês e com os leitores do Dinheirama. Como integrante do conselho editorial, sinto que o Dinheirama é “minha casa” e me sinto muito a vontade com todos vocês.

O que eu gostaria de deixar como mensagem para os leitores é que adotem uma postura mais cautelosa e conservadora, sejam mais criteriosos no consumo e procurem “reforçar o caixa” para momentos difíceis, mas sejam igualmente cuidadosos para não sucumbir a uma certa “paranoia financeira”, que pode levar as pessoas a só verem desgraças e não enxergarem as oportunidades pela frente.

Tudo indica que teremos um ano de 2015 difícil pela frente, mas a vida continua, a economia gira (ainda que mais lentamente) e as oportunidades vão sempre surgindo. Vamos procurar gerenciar os riscos, mas sem virar as costas para as oportunidades! Obrigado e até a próxima.

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