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Dinheirama entrevista: Felipe Miranda, Economista e Sócio da Empiricus Research

por Ricardo Pereira
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Felipe Miranda, foto divulgação

Quando a economia não vai bem, é comum ver as pessoas atentas ao que dizem alguns especialistas. Muitos querem alguma luz para que a travessia tempestuosa possa ser realizada com a menor dificuldade possível.

No Brasil, felizmente, temos vozes que são consideradas e respeitadas, algumas delas já há décadas, são personagens que foram testemunhas oculares de momentos de dificuldades que para muita gente ficaram no passado.

Temos ainda figuras que ganharam destaque mais recentemente, pela forma como encaram o papel da economia e principalmente pela maneira como se comunicam com as pessoas, traduzindo questões econômicas consideradas complexas para que uma mensagem simples que alcance ao maior número de pessoas.

Uma dessas vozes é a do economista Felipe Miranda, sócio da Empiricus Research e autor do aclamado relatório “O Fim do Brasil”. Felipe, corajosamente, foi um dos primeiros a apontar os grandes problemas que teríamos em nossa economia.

O Dinheirama é um espaço democrático, em que todas as opiniões são respeitadas. Incentivamos muito que o contraponto seja feito e garantimos sempre o espaço para o debate. O Felipe sempre foi extremamente aberto e cuidadoso com o leitor, oferecendo um bocado do seu tempo para compartilhar suas ideias por aqui.

Se você não concorda com os argumentos de Felipe, fique à vontade para utilizar os espaços de comentário ou mesmo no encaminhar um artigo assinado com a sua opinião (nós iremos publicá-lo). Prezamos sempre a educação e o respeito acima de tudo.

Acompanhe agora a entrevista do Felipe Miranda:

Felipe, iniciando o segundo semestre de 2015, qual a sua avaliação sobre o atual momento do governo da Presidente Dilma?

Felipe Miranda: O momento é bastante difícil. E entendo que isso seja percebido por todos. A percepção do momento ruim está em todos com quem se conversa. A economia fraca viu esfarelar o último pilar da era Dilma, que era o emprego, e a inflação está bem alta. O pior é a falta de perspectiva. Começa a se instalar a percepção de que está ruim e não vai virar tão cedo.

Do ponto de vista político, a situação também é muito delicada e agosto pode ser um mês marcado por uma catálise, seja pela reprovação das contas no TCU ou pela tal pauta bomba no Congresso, o que poderia minar a última gota de esperança no ajuste fiscal.

Você antecipou algum tempo fatos importantes do atual cenário econômico do país. Analisando a baixa aprovação do governo, o que podemos esperar para os próximos meses? O Ministro Levy vai ter apoio para implementar as reformas que país tanto precisa?

F. M.: Este é meu grande temor. Que as pressões socioeconômicas e políticas atinjam um nível capaz de encurralar a presidente. Ela, então, acuada, tenta uma cartada final, dando uma guinada à esquerda, um aceno para as bases.

Levy seria apontado como o bode expiatório, o grande responsável pela recessão atual. “A raposa no galinheiro implementou a malvada política neoliberal e nos traiu”. Então, o ministro seria demitido e entraríamos numa espiral bastante negativa.

Você está muito perto do mercado e ao mesmo tempo conhece as necessidades do pequeno e médio investidor. Qual sua recomendação para quem olha o mercado e sê completamente desamparado? Como se proteger?

F. M.: De forma simples e direta, dólar e CDI. Há momentos em que a melhor coisa a se fazer é esperar. Há tempos defendo que esta crise pode ensejar uma grande oportunidade de comprar ativos fantásticos a preços irrisórios. Talvez este momento está se aproximando. Por enquanto, é colocar as costas na parede.

A Empiricus oferece uma série de materiais (muitos deles gratuitos) que servem como apoio fundamental na tomada de decisão para os investidores. Para quem está disposto a conhecer mais detalhes do atual contexto econômico e financeiro do Brasil e do Mundo, que material você recomendaria?

F. M.: Inicialmente, a pessoa pode se cadastrar para receber de forma gratuita as newsletters Vida de Investidor e Mercado em 5 Minutos. O segundo passo seria acessar algum de nossos relatórios pagos, começando pelos mais baratos. Eu escrevo o Palavra do Estrategista, e é uma alternativa que tem ajudado muita gente.

Então, o investidor, já habituado conosco e mais preparado, pode caminhar para nossos relatórios mais completos, como a Carteira Empiricus ou o relatório de Microcaps.

Recentemente, a Empiricus promoveu um evento que contou com a participação de personalidades do mundo econômico-financeiro, como o megainvestidor Marc Faber, o ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, e o ex-presidente do FED, Alan Greenspan. Como foi o evento e qual a mensagem que você pode compartilhar após as palestras desses gurus da atualidade?

F. M.: O evento foi muito interessante. Não é fácil – e eu digo pensando em qualquer um – reunir pessoas deste gabarito num único evento. Ficamos bastante felizes em poder oferecer isso.

A mensagem vinda do estrangeiro é a preocupação com a estagnação secular – como os países industrializados vivem uma situação diferente agora, marcada por excesso de taxas de poupança. Algo que foi visto e documentado em 1937 por Alvin Hansen. À época, tivemos a Segunda Guerra e isso mudou dramaticamente a dinâmica populacional, sobretudo nos EUA. Então, a questão acabou superada.

Em todas as últimas 10 recessões nos EUA, quem puxou a recuperação foi o investimento em capital fixo, algo que não está acontecendo agora. A preocupação é grande. Meirelles fez uma palestra mais ponderada, mostrando o cenário difícil de curto prazo, mas apontando uma direção mais favorável para o longo.

Outro assunto que preocupa muita gente é um possível rebaixamento da nota de rating do Brasil. Em sua opinião, vamos conseguir manter o grau de investimento?

F. M.: Ninguém sabe ao certo. Não dá pra chutar. Hoje eu diria que há mais chances de perdermos o selo de bom pagador do que o contrário. Os desafios fiscais são mais estruturais do que as pessoas pensam. E a farra entre 2010 e 2014 também foi maior do que o senso-comum contempla. Arrumar não é fácil, sobretudo diante de um governo fraco e de uma recessão severa.

Felipe, mais uma vez ficamos muito felizes com sua entrevista, obrigado! Por favor, peço que deixe uma mensagem final para os leitores que viraram fãs do seu trabalho e já estavam cobrando uma nova entrevista.

F. M.: Sempre um prazer. A mensagem é que a travessia é dura, ainda demora e vai exigir estômago. Ao final, pode se formar a oportunidade de uma vida. Temos de esperar, ficando atentos.

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