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Poesia e Economia: áreas fundamentais na vida do empreendedor

por Renato Bressan
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Poesia e Economia: áreas fundamentais na vida do empreendedor

O que “Poesia” tem a ver com “Economia”? “Esse cara está louco?”, você deve estar se perguntando. De fato, culturalmente estamos acostumados a separar essas duas áreas em polos do conhecimento que se situam em posições opostas.

Comumente, o termo “Poesia” estaria ligado ao campo da Estética (envolvendo literatura, ficção, fantasia, sentimento etc.) e “Economia”, por sua vez, diria respeito à Lógica (dinheiro, organizações, capitalismo, tempo de trabalho, lucro etc.).

Assim, pode surgir o seguinte pensamento: “Poesia? Essa coisa de gente doida! Ficar fazendo versos, rimas, combinando ritmos, imagens. Ser poeta é só falar e não fazer. Nada a ver com o dia a dia do empreendedor”.

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Por outro lado, se você for um aficionado das Letras, talvez raciocine da seguinte forma: “Poesia não tem a ver com Economia, Empreendedorismo e essas coisas do Mercado! Poesia é Arte, não tem objetivo algum para além de si mesma, serve para ser contemplada, nunca pode ser diminuída a esse campo mesquinho do Capitalismo, que nos força a doar nosso tempo de vida em troca de umas notas que, no fundo, não valem nada”.

Ao aceitar uma separação radical entre essas expressões e áreas do conhecimento, você, aparentemente, chega à seguinte conclusão: empreender é um exercício que tem muito mais a ver com Economia do que com Poesia. Não é mesmo?

Não. Não é. Mesmo. Vou explicar.

Poesia versus Economia

Uma rápida pesquisa através do Google nos mostra as seguintes definições:

POESIA: Substantivo feminino; arte de compor ou escrever versos; composição em versos (livres e/ou providos de rima), geralmente com associações harmoniosas de palavras, ritmos e imagens; composição poética de pequena extensão; arte dos versos característica de um poeta, de um povo, de uma época; poder criativo; inspiração; o que desperta emoção, enlevo, sentimento de beleza, apreciação estética. Significado etimológico da palavra: criação; obra poética.

ECONOMIA: Substantivo feminino; controle ou moderação das despesas; poupança; ciência que estuda os fenômenos relacionados com a obtenção e a utilização dos recursos materiais necessários ao bem-estar; conjunto de disciplinas constituintes do curso de nível superior que forma economistas; ciências econômicas; ausência de desperdícios ou excessos; comedimento no consumo, no uso ou na realização de algo; modo como se distribuem e se coordenam os diversos elementos de um todo; organização, estrutura. Significado etimológico da palavra: administração de uma casa; organização.

Sintetizando as definições acima, percebemos que Poesia é sinônimo de “criação” e Economia de “organização”.

Embora haja uma diferenciação entre Poesia e Economia, enquanto conceitos – e poderíamos citar filósofos conhecidos, como Platão, Aristóteles, Kant etc., e pensadores modernos para confirmar isso –, quero mostrar que, na prática, Poesia e Economia se complementam e, na verdade, são dois lados de uma mesma moeda a favor do empreendedor.

Empreender = Poesia x Economia

Em linhas gerais, a dinâmica de um negócio, isto é, seu “ciclo de vida”, diz respeito a três fases básicas:

  1. Surgimento da Empresa (geralmente, os 2 primeiros anos);
  2. Manutenção da Empresa (de 2 anos em diante);
  3. Renovação (ou Destruição) da Empresa (a qualquer momento).

Apesar de sermos didáticos, ao dividir a “vida” de uma empresa em fases, sabemos que esses três momentos, no dia a dia do empreendedor, não se separam claramente.

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Ao mesmo tempo em que ele vai criar uma empresa, ele está mantendo algumas práticas que o fizeram chegar até ali. Além disso, dependendo de sua área de atuação, a renovação é constante, sendo a “abertura” e “fechamento” de negócios uma necessidade repetitiva, frequente.

Vejamos alguns dados, para contextualizar a discussão. Segundo o Sebrae, em boletim de agosto de 2015, 75,6% das microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) brasileiras sobrevivem aos difíceis primeiros anos de vida. Os analistas dizem que esse progresso se deve aos seguintes fatores:

  1. Ampliação do mercado interno, ao lado do fortalecimento econômico da classe média brasileira, que passou a demandar bens e serviços em maior quantidade e mais diversificados, sendo esses, em grande parte, oriundos de ME e EPP;
  2. Políticas públicas retratadas nos programas do Supersimples e de MEI (Microempreendedor Individual);
  3. Melhoria do nível de educação global e de qualificação técnico-profissional do microempreendedor brasileiro, atualmente, gerando melhor visão crítica e estratégica e maior grau de capacitação para conduzir o projeto ou negócio que pretende ou passa a empreender.

Em A, temos a “Poesia”, como fator predominante: criação de bens diversificados, ampliação do mercado, geração de novas demandas; em B, temos a “Economia”: maior organização dos setores e das políticas públicas, e, por fim, em C, vemos uma conjunção entre “Poesia” e “Economia”, enquanto melhoria na educação e qualificação profissional do empreendedor, o qual deve aprender novas dinâmicas e manter certos hábitos que favoreçam o seu crescimento.

Em resumo, o que faz com que uma empresa se mantenha “saudável” no mercado, pode ser entendido pela seguinte fórmula:

Empreender = Poesia x Economia

“Poesia vezes Economia é igual a Empreender”. Esta é uma operação de multiplicação.

Isso porque sem “Poesia” (criação, inovação), o mercado não cresce; a diversificação de bens e serviços tende a estagnar – a “Economia” (organização, conservação) do que existe, sozinha, não é capaz de suprir as necessidades das pessoas.

Além disso, sem “Economia”, uma produção exagerada, sem controle e análise dos bens e serviços existentes, tende ao fracasso. “Zerando” a “Poesia” ou a “Economia” do negócio, não é possível empreender, a empresa tende à destruição.

Um exemplo de “Poesia” atual é o que vem ocorrendo com o mercado editorial. Apesar de muitos falarem em “recessão” e diminuição de leitura por parte dos jovens, que, teoricamente, interessam-se muito mais por aplicativos, jogos e práticas de entretenimento multimídia do que por livros (analógicos), o consumo de eBooks e a leitura (inclusive de poesias) em redes sociais, online, via smartphones e dispositivos eletrônicos, cresce absurdamente.

No jornalismo, por exemplo, embora o formato “papel” esteja, de fato, perdendo espaço, a necessidade de informação não tem fim. É preciso, pois, repensar a lógica da produção da notícia (ver discussão sobre isso aqui).

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Conclusão

Apesar de produzir textos, considerados poemas (alguns me chamam de “Poeta”), e ser professor de Língua Portuguesa (Literatura e Redação, principalmente), sempre tive interesse por Economia, seja pela necessidade de manutenção e criação de alguns hábitos para meu equilíbrio pessoal, seja porque admiro a capacidade de pessoas que empreendem e são capazes de apontar caminhos para ajudar no crescimento do próximo e da sociedade em geral.

Por isso, para mim, nunca houve separação entre “Economia” e “Poesia”. Até fiz um poema sobre isso, há algum tempo, quando estava começando meus estudos na área da Educação Financeira:

POÉTICA DE MERCADO

Quanto maior o risco,
Maior o lucro, dizem uns.
Cansei de riscar e arriscar poemas!
Nada mais ganhei do que dívidas
E dúvidas: com o português e as letras e as coisas…
Meu lastro poético continua esteticamente inútil.

Quem dera se uma letra minha se tornasse
De crédito: imobiliário ou agrícola!
Ah, se minhas palavras valessem como ações
E estivessem sempre em alta,
Prontas para a melhor venda!

Quanta sorte eu teria se minhas frases
Fossem títulos públicos de um tesouro direto
Ou um certificado de depósito bancário ou interbancário!

O problema é que minha poesia não rende, fixa-se
E me afundo nos fundos das ações que ficam imóveis.
Resta-me, talvez, apostar nos debêntures dos antigos poetas
E nos derivativos dos que estão por vir.

Se o passado não garante o futuro,
Quem é o futuro para garantir um passo dado?
É preciso, pois, fazer alquimia:
Transformar ouro em um padrão
Que tenha como lastro a Poesia.

Portanto, empreender continua sendo um desafio no Brasil e todo empreendedor deve melhorar sua “caligrafia de mercado”, isto é, sua maneira de “fazer a diferença”, com muita Poesia, a fim de prosperar em sua Economia diária. Até a próxima.

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