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Fed adota postura “passivo-agressiva” em pausa no superciclo de elevação de juro

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Jerome Powell 2

O mercado financeiro internacional reagiu com um misto de sentimentos após a decisão unânime do Federal Reserve, o Banco Central americano, sobre a manutenção do juro em um intervalo entre 5% e 5,25% ao ano.

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A decisão desta quarta-feira (14) é, contudo, a primeira novidade na longa temporada – iniciada em março de 2022 – de uma novela com 10 episódios consecutivos de aumentos que somaram 5 pontos percentuais ao juro americano.

O capítulo de hoje era muito esperado por possivelmente ser o primeiro a mostrar uma sinalização para o início de um ciclo de cortes. O chefe do Fed, Jerome Powell, contudo, só apertou o “pause”.

Além disso, o ponto mediano das projeções trimestrais dos membros que compõem o Fomc (comitê de política monetária) subiu em 0,5 ponto para o final do ano. Antes da reunião, o mercado de títulos precificava apenas 0,25 p.p. de aperto adicional.

“Tomando por base que não sabemos efetivamente se o Fed vai voltar a apertar os juros em seu próximo encontro, no 26 de julho, podemos realmente chamar isso de pausa?”, questionou Rodolfo Amstalden, da Empiricus, em sua newsletter Day One.

O comitê reiterou a frase que usou pela primeira vez no comunicado de 3 de maio. Ou seja, ele considerará uma série de fatores para determinar até que ponto “uma política de firmeza adicional pode ser apropriada para retornar a inflação a 2% ao longo do tempo”. A medida de preços considerada pelo Fed é o núcleo do índice PCE (Personal Consumption Expenditures).

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Ao avaliar o núcleo, o Fed entende as variações da escolha de produtos dos consumidores aos diferentes níveis de preços.

Para Jay H. Bryson, economista-chefe do banco Wells Fargo, apesar de uma ligeira diminuição na taxa de inflação nos últimos meses, “apenas um otimista veria evidências de que a inflação está voltando para 2%”.

“Em nossa opinião, a taxa de inflação ano a ano não precisa estar exatamente em 2% antes que o Comitê comece a flexibilizar a política. Mas, nossa previsão é que o núcleo do deflator do PCE chegará a 2,8% ao ano no quarto trimestre de 2023 em relação ao terceiro trimestre de 2023, o que achamos ainda muito quente para induzir o Fomc a cortar as taxas”, explica.

O economista-chefe do banco ING, James Knightley, observa que o Fed, ao agir de forma branda – com a pausa – porém de uma forma agressiva ao sugerir dois novos aumentos, ganha tempo e flexibilidade para responder aos próximos dados da economia.

“Ele mantém as condições monetárias apertadas, mas pode tornar as coisas brandas e informalmente mais frouxas, caso os dados saiam como o esperado”, explica Knightley em uma nota enviada a clientes.

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