Os centros de exportação de commodities agrícolas do Brasil estão sobrecarregados com volumes recordes de soja, milho e açúcar a serem movimentados em uma época do ano em que as chuvas começam a aumentar nos portos do sul, de acordo com traders, analistas e dados de embarque.
Os exportadores estão relatando atrasos nos embarques de café devido à pouca disponibilidade de caminhões e contêineres, enquanto os tempos de espera para carregamento dos navios aumentaram, resultando em custos adicionais para os comerciantes e atrasos para que as commodities cheguem aos destinos.
Os portos brasileiros têm lidado com grandes volumes este ano, mas as chuvas no sul, a maior entrega de açúcar de todos os tempos no vencimento do contrato de outubro em Nova York e o desvio de cargas dos portos do norte para o porto de Santos, uma vez que a seca reduziu os níveis de água do rio Amazonas, aumentaram a pressão sobre o sistema.
“Estamos tendo problemas com a disponibilidade de contêineres”, disse o negociador-chefe de um grande exportador de café, sob condição de anonimato, acrescentando que a situação desacelerou as exportações em setembro.
Ele disse que o setor de açúcar está usando muito mais contêineres, reduzindo a disponibilidade.
O açúcar bruto geralmente é transportado a granel, enquanto o açúcar refinado usa contêineres.
De acordo com o provedor de dados de transporte marítimo Datamar, o uso de contêineres para as exportações de açúcar aumentou 86% no ano até agosto em relação ao ano anterior, enquanto o número de contêineres usados para o café caiu 5%.
Para os navios graneleiros, a espera para carregar as cargas aumentou.
A agência de navegação Williams disse que o tempo de espera em um importante terminal de açúcar em Santos subiu para 33 dias na quarta-feira, em comparação com 17 dias em setembro.
Os analistas do ING disseram que alguns carregamentos de açúcar programados para sair do Brasil em outubro provavelmente serão empurrados para novembro.
Um diretor de um dos maiores exportadores de açúcar do Brasil disse, no entanto, que os compradores já estavam esperando os atrasos.
“Mas se começar a chover muito, a situação pode se complicar”, acrescentou.
A previsão é de apenas chuvas leves nos próximos dias em Santos, com chuvas mais fortes esperadas a partir de 28 de outubro.