O Santander (SANB11) segue focado em rentabilidade e não está “em corrida por clientes” depois que a base deles cresceu cerca de 12% no terceiro trimestre sobre um ano antes, afirmou o presidente-executivo do banco, Mario Leão, nesta quarta-feira.
Segundo ele, o banco, que divulgou mais cedo resultado de terceiro trimestre com lucro de 2,7 bilhões de reais, vai “bater com folga” a meta de alcançar 1 milhão de clientes de alta renda até final deste ano.
No segmento, que o banco atende com a marca “Select”, o Santander Brasil deve lançar “em algumas semanas” oferta de conta internacional, disse Leão. O banco terminou setembro com 968 mil clientes na categoria, crescimento de 44% sobre um ano antes.
Um dos focos do Santander Brasil está nesse cliente, uma vez que gera cinco vezes mais receitas para o banco que os demais do segmento de varejo.
Na baixa renda, cujo peso da inadimplência o Santander Brasil tem se esforçado para reduzir há cerca de um ano e nove meses, o banco deverá entrar em 2014 com uma forma de servir “completamente diferente”, disse Leão.
“Esse cliente tem limite de capacidade de renda e, portanto, de formação de receita para o banco….a resposta tem que vir com principalidade e com uma base de custo de servir drasticamente menor”, afirmou o executivo. Leão mencionou principalidade como a característica do cliente que tem no Santander Brasil seu principal provedor de produtos financeiros.
Eficiência
A ênfase do Santander Brasil em rentabilizar os negócios e focar em alta renda vem em um momento em que o setor bancário segue sendo pressionado por mudanças regulatórias, que incluem restrições a juros de cartão de crédito, e por entrantes como o Nubank, cujo presidente-executivo, David Vélez, afirmou nesta semana que atingiu base de 90 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia.
Como parte da estratégia para melhorar a rentabilidade, o Santander Brasil projeta chegar a índice de eficiência de cerca de 30% nos próximos anos, mas Leão afirmou que isso ainda “demora um pouco”.
O banco terminou o trimestre encerrado em setembro com o indicador de eficiência em 42,2%, queda de 0,7 ponto percentual sobre o segundo trimestre. O índice mede os gastos de um banco em relação ao que obtém em receitas de serviços e intermediação, e quanto menor, melhor. O Nubank, que aposta em um modelo digital de atendimento dos clientes, sem agências, reportou índice de eficiência de 35,4% no final do segundo trimestre ante 58,2% registrados um ano antes.
“Sem dúvida queremos voltar para casa dos 30 e algo, vai levar um tempo ainda porque é uma equação de numerador e denominador…o nosso baixa renda não pode gerar lucro antes de imposto negativo”, disse Leão, sobre o elemento gasto que pesa sobre o índice de eficiência. “Eu só posso conseguir fazer isso controlando muito melhor o gasto”, acrescentou.
Na outra ponta da equação, de receitas, o presidente do Santander Brasil afirmou que o banco segue apresentando melhoras gradativas.
Parte dessa estratégia de controle de gastos vem com reestruturação da base física de atendimento do Santander Brasil, iniciada no ano passado, após um movimento de interiorização do banco em anos anteriores com aberturas de novas agências.
Leão afirmou que, com o novo modelo de atendimento digital após a pandemia, o banco fechou mais de 150 “lojas” no país no ano passado, com o número dobrando neste ano. “Entre o ano passado e este vamos ter fechado lojas da ordem 460 unidades em relação a 2021”, disse o executivo, citando que o número representa mais de 20% do parque do banco.
O Santander Brasil terminou setembro com 2.756 pontos de atendimento no país ante 2.887 no final de junho e 2.999 no terceiro trimestre de 2022.
As units do banco exibiam alta de 0,6% às 12h28, enquanto o Ibovespa recuava 0,16%.
Analistas do Banco do Brasil afirmaram em nota a clientes que balanço do Santander Brasil no terceiro trimestre mostrou números positivos.
“Ainda que sinais de vitalidade como crescimento de carteira e margem financeira estejam longe de estelares, acreditamos que a inflexão nos índices de inadimplência conjugada com o ciclo de afrouxo monetário em andamento deve devolver o apetite por crescimento e por um mix mais rentável de crédito ao banco”, avaliam.
Na frente de carteira de crédito, Leão afirmou que o Santander Brasil vai buscar em 2024 um crescimento pelo menos semelhante ao que será obtido em 2023. Até o final de setembro, os empréstimos do banco subiram 10,5% ante um ano antes, a 625,49 bilhões de reais.
“Os fatores que a gente controla não apontam para crescimento (da carteira de crédito) mais tímido em 2024…Vamos crescer igual ou maior”, disse Leão.