Quem viaja para o exterior com frequência sabe que é preciso comprar uma quantia de dólares para gastos menores do dia a dia. No entanto, quem está com viagem marcada tem se assustado com as recentes oscilações no dólar. “Será que vale a pena comprar agora ou o melhor é esperar?” tem sido uma dúvida recorrente.
Segundo a maioria dos especialistas, a dica é comprar moeda de acordo com a data da viagem. Por exemplo, quem tem viagem marcada para daqui a algumas semanas deve fazer a compra de forma gradual.
Já quem vai viajar em menos de 15 dias deve comprar a moeda agora, de uma vez só. O dólar comercial fechou a sexta-feira cotado a R$ 2,133. Durante o dia, a moeda chegou a atingir R$ 2,15.
Para combater tais oscilações, o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado de estrangeiros que aplicam em renda fixa no Brasil. A alíquota em vigor era de 6%.
Planejamento para gastar menos
O planejamento em finanças pessoais é um ponto muito importante para atingir objetivos reais. No caso da compra de dólares, o planejamento deve acontecer com meses de antecedência, como apontam os especialistas.
A sugestão é comprar moeda estrangeira aos poucos, começando pelo menos seis meses antes da viagem. Dessa maneira evita-se correr riscos em cenários como o atual, pois o consumidor terá tempo de sobra e poderá fazer o câmbio quando as cotações estiverem mais baixas.
Samy Dana, professor e economista da FGV, mostra a vantagem da compra gradual. Se o consumidor comprar US$ 2.000 em dinheiro com a cotação a R$ 2,15, por exemplo, ele vai gastar, no total, R$ 4.316,34.
Se esse mesmo consumidor tivesse comprado metade dos US$ 2.000 quando a cotação estava em R$ 2,10 e a outra metade com a cotação em R$ 2,15, o gasto total final seria menor, de R$ 4.266,15 (uma diferença de R$ 50,19 a menos). Isso porque, na média, o consumidor terá pago uma cotação de R$ 2,13 pela moeda.
Gasto com a compra de dólar em diferentes cenários
Exemplo | Cotação média do dólar | Gasto com IOF* | Gasto total |
De uma só vez, com o dólar a R$ 2,15 | R$ 2,15 | R$ 16,34 | R$ 4.316,34 |
Em duas vezes, com o dólar a R$ 2,10 e R$ 2,15 | R$ 2,13 | R$ 16,15 | R$ 4.266,15 |
Em três vezes, com o dólar a R$ 2,05, R$ 2,10 e R$ 2,15 | R$ 2,10 | R$ 15,96 | R$ 4.215,96 |
* Considerando-se IOF de 0,38% cobrado na compra de moeda em dinheiro e no carregamento de cartão pré-pago
Fonte: Samy Dana/FGV
“Se você deixar para comprar o dólar na última hora, pode se dar muito bem, caso a moeda caia, mas também pode se dar muito mal, se ela subir. Comprando dólar aos poucos, é possível minimizar o risco”, aponta Dana.
O planejamento, então, depende do prazo até a data da viagem. Quem vai viajar daqui um mês, por exemplo, pode comprar metade agora e a outra metade uma semana antes do embarque. Quem tem 45 dias pela frente pode fazer a compra em três momentos.
Compra imediata é melhor para viagem próxima
O brasileiro que tem viagem marcada para os próximos 15 dias já falhou por não ter se planejado. Nessas condições, a melhor opção para minimizar riscos de oscilações é comprar dólar agora.
“O custo de risco do câmbio é elevado. Se a viagem está em cima da hora, então a pessoa já errou por não ter se prevenido”, diz Michael Viriato, professor de finanças do Insper.
“Não se espera que o dólar chegue a R$ 2,30 ou R$ 2,50, mas no curto prazo ainda podem ocorrer oscilações. Para quem não fez a compra ainda, o menor risco é fazer isso agora”, completa o professor.
Por fim, uma estratégia complementar à compra imediata de moeda estrangeira é dada pelo professor de finanças Marcos Crivelaro, da Fiap. Segundo ele, comprar alguma moeda agora e deixar gastos para serem feitos no cartão de crédito durante a viagem também pode ser interessante.
Dessa maneira, o consumidor pode ser beneficiado com uma cotação mais baixa na hora de pagar a fatura, se a expectativa for de queda no preço da moeda.
Fonte: UOL. Foto de freedigitalphotos.net.