O dólar (USDBLR) à vista teve nesta sexta-feira uma sessão de forte queda no Brasil a terceira consecutiva e encerrou abaixo dos 4,90 reais, com as cotações refletindo o recuo consistente da moeda também no exterior, após dados fracos sobre a economia dos EUA elevarem a percepção de que o Federal Reserve pode ter encerrado seu ciclo de alta de juros.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8972 reais na venda, em baixa de 1,53%. Este foi o maior recuo percentual em um único dia desde 23 de agosto deste ano, quando o dólar cedeu 1,63%. Já a cotação de fechamento é a menor desde 20 de setembro, quando atingiu 4,8804 reais. Nesta semana, o dólar acumulou queda de 2,31%.
Na B3, às 17:17 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,33%, a 4,9150 reais.
Na quinta-feira, com o mercado brasileiro fechado em função do feriado, o dólar caiu ante várias divisas no exterior, o que já trazia para os negócios desta sexta-feira uma pressão de ajuste de baixa para o dólar ante o real.
Essa tendência foi ratificada por novos dados sobre a economia norte-americana, mais fracos que o esperado, reforçando a visão de que o Fed não subirá mais os juros.
O Departamento do Trabalho informou que a criação de vagas não agrícolas totalizou 150.000 empregos no mês passado nos EUA, conforme seu relatório de emprego payroll. Economistas previam 180.000 novas vagas.
Já o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou que seu PMI não manufatureiro caiu de 53,6 em setembro para 51,8 em outubro, a mínima de cinco meses.
Em reação aos números, o dólar despencou ante divisas fortes e em relação a moedas de países exportadores de commodities e emergentes. O movimento era generalizado.
No Brasil, após marcar a cotação máxima de 4,9324 reais (-0,82%) às 9h02, o dólar à vista cedeu à mínima de 4,8759 reais (-1,95%) às 9h50, já após a divulgação do payroll.
“Está havendo um apetite generalizado ao risco nos mercados. A decisão do Federal Reserve (sobre juros) veio dentro do esperado (na quarta-feira), e o payroll de hoje (sexta-feira) ficou abaixo do esperado, o que corroborou o Fed”, pontuou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Apesar de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinalizar na quarta-feira mais cortes da taxa básica Selic o que em tese torna o Brasil menos atrativo ao fluxo internacional de dólares o diferencial de juros segue favorável ao país em relação ao exterior.
Ao mesmo tempo, Avallone espera por um dólar não muito mais baixo ante o real até o fim do ano, em função da demanda pela moeda, que tradicionalmente cresce nos últimos meses do ano.
“Não imagino que o dólar vá muito mais para baixo não. Hoje é reação do mercado aos últimos dados dos EUA, principalmente de emprego”, avaliou.
Às 17:17 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 1,05%, a 105,090.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de janeiro.