O Banco do Brasil (BBAS3) espera ficar no centro de sua faixa de projeção de lucro líquido ajustado este ano, podendo eventualmente avançar mais para o topo da previsão, e avalia que o crescimento de 2024 deverá ser de um dígito alto, afirmaram executivos da instituição nesta quinta-feira.
“Considerando a nossa expectativa de crescimento dos negócios, mantendo a provisão sob controle e eficiência, temos condição de entregar crescimento de ‘earnings’ de ‘high single digit’ (em 2024)”, disse o vice-presidente financeiro do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva, em conferência com analistas.
A projeção do BB para o lucro líquido ajustado em 2023 é de entre 33 bilhões e 37 bilhões de reais. O banco, no acumulado do ano até o final de setembro, obteve resultado de 26,1 bilhões de reais.
O BB informou na noite da véspera alta de 4,5% no lucro líquido ajustado do terceiro trimestre, a 8,79 bilhões de reais. Analistas, em média, esperavam lucro de 8,98 bilhões de reais, com base em dados da LSEG.
O banco está finalizando seu orçamento para o próximo ano, que deve ser divulgado com projeções oficiais junto com o balanço do quarto trimestre, mas Geovanne também fez outras previsões, que incluem um crescimento de carteira de crédito entre um dígito alto e dois dígitos baixos no próximo ano, puxado pelo agronegócio.
O executivo afirmou que o BB segue bastante cauteloso em cartões de crédito, diante das mudanças regulatórias sobre o segmento em discussão pelo Banco Central e o Congresso. Por enquanto, o BB manterá o foco no segmento pessoa física em crédito consignado, onde tem uma participação de mercado de 20%.
Com isso, o banco pretende ampliar sua atuação no consignado, avançando sobre empresas privadas, segmento onde está ausente, disse o executivo.
“Vamos usar nosso segmento de ‘large corporate’ para impulsionar o crescimento nessas carteiras”, disse o executivo. “Se conseguirmos ampliar o consignado privado, aí conseguiremos ter uma taxa mais atrativa do que no consignado público”, disse Geovanne.
O executivo explicou que, diante da estabilidade de emprego no setor público, os juros de crédito consignado são menores que os que podem ser cobrados de clientes no setor privado onde não existe a estabilidade.
No fronte de despesas totais, a expectativa da instituição para 2024 é ter um crescimento “provavelmente em linha com o que temos neste ano”.
O BB contratou este ano 2.500 funcionários, dos quais metade de áreas de tecnologia. Para o ano que vem, deverá haver entre 2.000 e 2.500 novas contratações, afirmou o vice-presidente financeiro.
“A meta é ter um índice de eficiência nesse patamar de 28%”, atingido no terceiro trimestre, disse Geovanne.
Já a expectativa sobre a provisão para inadimplência (PCLD), de entre 23 bilhões e 27 bilhões de reais para 2023, Geovanne afirmou que o BB vai buscar trabalhar no quarto trimestre para conseguir cumprir o topo da meta.
“Para ficarmos dentro do ‘guidance’, vamos focar principalmente na recuperação” de créditos. “Não faz sentido ajustar previsão agora”, disse o executivo, citando que a carteira de pessoa jurídica está passando por um efeito de “normalização”.
Americanas e Pay Out
O Banco do Brasil, que tem uma exposição de 1,7 bilhão de reais em créditos relacionados à Americanas (AMER3), está aguardando a publicação dos balanços da varejista em recuperação judicial, prevista para a próxima semana. Mas já avalia que a aprovação do plano de recuperação deve acabar ficando para o próximo ano.
“Vai ficando cada vez mais difícil (aprovação do plano em 2023) diante das férias forenses. Esperamos a conclusão desse processo para 2024”, disse o vice-presidente de controles internos e gestão de riscos, Felipe Prince, durante a conferência. “Vamos carregar esse saldo provisionado até a capitalização” da Americanas, atualmente prevista em 12 bilhões de reais.
Questionado sobre um eventual aumento no pagamento de proventos aos acionistas, Geovanne afirmou que o BB vai estudar de “maneira muito cautelosa” um eventual aumento no pay out para além do atual nível de 40% do resultado. “As discussões sobre JCP (juros sobre capital próprio) vão impactar o lucro dos bancos… não queremos atrapalhar a base de capital do banco.”