As ações do Magazina Luiza (MGLU3) caem forte nesta terça-feira (14) após a empresa anunciar “incorreções em lançamentos contábeis de bonificações a fornecedores” em conjunto com o balanço do terceiro trimestre de 2023.
A varejista afirmou que as incorreções em lançamentos contábeis foram identificadas no âmbito de apurações internas, junto a TozziniFreire Advogados e à PwC, após denúncia anônima mais ampla, e que não se confirmou, em março deste ano.
A varejista afirmou que as incorreções decorrem das chamadas notas de débito — documento utilizado para o reconhecimento contábil das receitas de bonificações a fornecedores.
A correção dos lançamentos contábeis correspondentes implicou na redução do patrimônio líquido no valor de R$ 829,5 milhões em 30 de junrho de 2023, líquido de impostos e sem impacto no fluxo de caixa.
A queda chega a aproximadamente 7%, levando as ações para próximo de R$ 1,60. No ano, o recuo é de 38,2%, enquanto o Ibovespa (IBOV) sobe 15%.
Desempenho das ações do Magazine Luiza em 2023
O que tem no Magalu?
A analista Georgia Jorge, do BB Investimentos, preferiu colocar o preço-alvo para as ações do Magalu em revisão após a notícia.
“Apesar de termos observado um avanço em alguns indicadores da operação da companhia, entendemos que o reconhecimento de inconsistências contábeis neste trimestre adicionou maior risco à tese de investimento, a ser
incorporado em nosso modelo de avaliação nos próximos dias. Por essa razão, colocamos nosso preço-alvo para o final de 2024 em revisão”, mostra um relatório enviado a clientes.
Segunfo Jorge, ainda que a denúncia tenha sido considerada improcedente, ela gera incertezas quanto à existência de outras inconsistências porventura ainda não evidenciada e o nível de governança corporativa da companhia, o que adiciona mais riscos à esse de investimentos.
“A reapresentação de resultados embaralhou algumas cartas para Magazine Luiza”, analisam Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon, da Genial Investimentos.
Segundo eles, embora exista potencial de crescimento da empresa, a Magalu possivelmente enfrentará pressões de curto prazo devido à alta alavancagem de R$ 3 bilhões a vencer curto prazo, somada às possíveis repercussões de inconsistências contábeis divulgadas no comunicado relevante.
“Até ela endereçar essas duas questões, manteremos a recomendação neutra (corte de compra) para a companhia”, apontam. O preço-alvo em 12 meses foi reduzido de R$ 4,50 para R$ 2,10.
Sem necessidade de capital
Segundo o diretor financeiro do grupo de varejo, Roberto Bellissimo Rodrigues, a estrutura de capital da empresa é sólida e líquida e a companhia não tem discussão ou necessidade de uma operação de aumento de capital.
O executivo fez o comentário durante conferência com analistas após o resultado da companhia no terceiro trimestre divulgado na noite da véspera e em resposta a notícia do Pipeline, do Valor Econômico, de que a família controladora negociava com bancos uma “potencial capitalização” da ordem de 2 bilhões de reais.
“São rumores do mercado, não tem relação com a companhia”, disse Rodrigues. “Temos estrutura de capital hoje bastante sólida e líquida e não existe necessidade ou discussão sobre aumento de capital”, acrescentou o executivo.
“Movimentos como este costumam ser mal vistos pelo mercado. Quanto aos resultados, a empresa teve leve queda na sua Receita, que pode ser explicada pelo menor volume vendido de bens duráveis”, analisa Victor Benndorf, da Benndorf Research.
Ele reiterou a recomendação de venda para as ações da empresa.