A estrutura de capital do Magazine Luiza (MGLU3) é sólida e líquida e a companhia não tem discussão ou necessidade de uma operação de aumento de capital, afirmou nesta terça-feira, o diretor financeiro do grupo de varejo, Roberto Bellissimo Rodrigues.
O executivo fez o comentário durante conferência com analistas após o resultado da companhia no terceiro trimestre divulgado na noite da véspera e em resposta a notícia do Pipeline, do Valor Econômico, de que a família controladora negociava com bancos uma “potencial capitalização” da ordem de 2 bilhões de reais.
“São rumores do mercado, não tem relação com a companhia”, disse Rodrigues. “Temos estrutura de capital hoje bastante sólida e líquida e não existe necessidade ou discussão sobre aumento de capital”, acrescentou o executivo.
Rodrigues justificou sua fala com o quadro de liquidez do Magazine Luiza ao final do terceiro trimestre, de cerca de 8 bilhões de reais, e a perspectiva de aceleração da geração de caixa operacional e de redução de despesas financeiras, “melhorando significativamente nossa alavancagem nos próximos trimestres”.
As perspectivas decorrem do movimento de corte de juros iniciado pelo Banco Central, redução do endividamento das famílias por meio de programas como o Desenrola e um ambiente competitivo que a empresa tem considerado como “racional”, em meio a dificuldades de redes rivais como Americanas e Casas Bahia.
O presidente-executivo do Magazine Luiza, Frederico Trajano, afirmou na conferência que está “muito animado” com o desempenho de vendas de lojas físicas da companhia em outubro e com os primeiros dias de novembro.
“Estamos vendo um reaquecimento em lojas físicas”, afirmou Trajano, após a publicação do balanço da empresa de terceiro trimestre, que mostrou lucro líquido de 331,2 milhões de reais, revertendo prejuízo de 190,9 milhões de reais sofrido um ano antes.
O balanço da empresa foi divulgado alguns dias depois que a Casas Bahia publicou prejuízo de 836 milhões de reais para o terceiro trimestre, com executivos da companhia vendo a demanda ainda pressionada e sem perspectiva de melhora no curto prazo.
Enquanto isso, a Americanas segue focada na publicação de seus balanços financeiros após fazer no início do ano um dos melhores pedidos de recuperação judicial da história do país. A companhia deveria ter publicado os números na segunda-feira, mas adiou o evento para a quinta-feira.
Diferente dos rivais, o Magazine Luiza tem parte relevante de seus negócios associados a produtos de preços mais elevados como eletrônicos e Trajano afirmou que a categoria está “saindo do fundo do poço” com a redução do juro e aumento do crédito.
O executivo comentou que viu uma melhora “relevante” no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em outubro em relação ao terceiro trimestre, com ganhos de rentabilidade em seu marketplace, onde fatura com prestação de serviços a lojistas terceiros.
“E vemos que essa é a tendência para frente. De retomada de patamares históricos de antes da pandemia”, disse Trajano, citando que o maior concorrente da companhia nos últimos trimestres foram “impostos e juros”.
Para o período de vendas de fim de ano, que inclui a Black Friday, o Magazine Luiza reduziu o nível elevado de estoque, que pesou sobre os resultados da empresa no ano passado, em mais de 500 milhões de reais, e iniciou o quarto trimestre com inventário “normalizado”, mesmo considerando os problemas logísticos gerados pela seca no Amazonas, afirmaram executivos.
As ações da companhia exibiam queda de 6,4% às 10h50, pressionadas pela divulgação na noite da véspera de “incorreções em lançamentos contábeis” que fizeram a empresa reapresentar balanços.
Rodrigues disse que a diretoria da companhia está “muito convicta” de que os números não sofrerão novas alterações e que os dados foram “exaustivamente revisados” desde o início de 2022 até setembro deste ano. “Vamos auditar todos os resultados de 2022 e 2023 para termos dois anos de demonstrações financeiras auditadas e comparáveis”, disse o diretor financeiro.