A McLaren Racing concordou em comprar créditos de carbono de projetos de reflorestamento na Amazônia e de iniciativas de remoção de CO2 no Reino Unido e nos Estados Unidos como parte de sua tentativa de zerar suas emissões líquidas até 2040, informou a equipe nesta quinta-feira.
A McLaren compete na Fórmula 1 e na Fórmula Indy, com emissões provenientes — além do próprio automobilismo — de atividades como viagens aéreas, sendo que a Fórmula 1 deve ter 24 corridas em 22 países diferentes no próximo ano.
Um dos acordos foi a compra de créditos de remoção de carbono da startup brasileira Mombak, que refloresta terras degradadas na Amazônia, enquanto um segundo envolve a empresa escocesa UNDO, que remove o CO2 da atmosfera por meio do aumento do desgaste das rochas.
A McLaren também disse em um comunicado que estava fazendo uma parceria com a Great Barrier Reef Foundation, uma organização australiana sem fins lucrativos que trabalha para restaurar os recifes de coral. O australiano Oscar Piastri pilota para a equipe na Fórmula 1. A equipe pretende reduzir suas emissões em 90% até 2040. Para os 10% restantes, ela implementará iniciativas como a compensação de carbono.
Cadeia de suprimentos
A empresa não revelou quanto estava investindo em seu novo “Programa de Contribuição Climática”. “Uma grande parte disso é garantir que reduziremos as emissões em todas as nossas operações e na cadeia de suprimentos”, disse a diretora de sustentabilidade da equipe, Kim Wilson, sobre a meta para 2040. “Mas sabemos que isso não é suficiente. Também temos que fazer algo com relação ao carbono existente na atmosfera da Terra.”
A Mombak disse à Reuters que, segundo o acordo, a empresa fornecerá remoções de 2023 a 2025 a um preço médio de mais de 50 dólares por tonelada métrica, acima da média no mercado tradicional de créditos de carbono. Os créditos de carbono são autorizações negociáveis que permitem que o proprietário emita determinadas quantidades de gases do efeito estufa, sendo que cada crédito permite a emissão de uma tonelada de dióxido de carbono.
“Para mim, a grande notícia é o crédito de carbono acima de 50 dólares”, disse Peter Fernandez, cofundador da Mombak, em uma entrevista. “Isso é um patamar novo. No Brasil, as pessoas ainda acham que crédito de carbono vale 5 dólares, 10 dólares, 20 dólares — isso não é verdade mais.”
A Mombak, que compra terras degradadas de agricultores e pecuaristas ou faz parcerias com eles para replantar espécies nativas na maior floresta tropical do mundo, é apoiada por investidores como a Bain Capital e a AXA. Recentemente, a empresa levantou um fundo de 100 milhões de dólares para construir projetos de remoção de carbono na Amazônia, com dinheiro do CPPIB, do Canadá, e da Fundação Rockefeller, e disse que espera que o acordo com a McLaren ajude a moldar o nascente setor de remoção de carbono do Brasil.
“Como é que a gente faz restauração ecológica no Brasil com apenas 20 dólares por tonelada? Não dá, a conta não fecha mesmo. Agora isso vai mostrar que não precisa, na verdade o mundo topa pagar mais”, disse Fernandez. Os críticos dos mercados de compensação de carbono, incluindo o Greenpeace, dizem que eles permitem que os emissores continuem a liberar gases do efeito estufa.