Durante todo o ano de 2013, os jornais sucessivamente noticiaram captações recordes na caderneta de poupança. Reconheço que em momentos ruins da economia muitos investidores recorrem às aplicações mais conservadoras.
No entanto, o patrimônio aplicado na poupança no ano passado aumentou muito e não é lógico este crescimento num ambiente de inflação alta.
Sei que muitos trabalhadores utilizam a conta poupança como conta corrente, já que nestas os bancos não cobram taxas de serviço. Dessa forma, salários, aposentadorias e 13º salário, que apresentaram ganhos reais nos últimos anos, são depositados nestas contas e engrossam a captação.
Você pode estar perdendo poder de compra
Mas com inflação rodando muito acima do centro da meta de 4,5% ao ano – o IPCA fechou 2013 em 5,84% – o dinheiro aplicado na poupança que rendeu 5,23% em 2013 (ou 6,31% as aplicações da regra antiga) está perdendo poder de compra.
A inflação só não foi mais alta porque o governo segurou a alta de alguns produtos, mas os preços dos alimentos e dos serviços subiram muito mais do que 5,84%.
Fazendo uma análise de 2013, alguns produtos de renda fixa com taxas de administração acima de 1% perderam para a poupança, depois de descontado o imposto de renda. Outros com taxas mais baixas empataram, mas muitos apresentaram desempenho superior.
É preciso desenvolver inteligência financeira
Não tenho nada contra deixar as reservas para emergências aplicadas na poupança, mas para recursos que ficarão aplicados por um prazo mais longo, vale a pena dedicar algum tempo para encontrar produtos melhores e obter retornos maiores, inclusive para superar a inflação.
Porém, diante de tantas notícias que incentivam a aplicação na poupança e um cenário econômico tão ruim, com inflação alta, dólar valorizando, aumento dos gastos do governo e poucas perspectivas de mudanças estruturais para aumentar os investimentos e promover reformas que resultem numa situação econômica melhor para o país, comecei a questionar se eu não estaria enganada e a poupança talvez fosse, de fato, um bom produto.
Não tenho problemas em rever meus conceitos e faço esse exercício regularmente: “Quando os fatos mudam, eu mudo de opinião. E o Senhor?” (Keynes).
Para isso, fiz algumas simulações comparando a rentabilidade da poupança com a de alguns outros investimentos conservadores e os resultados não me convenceram a mudar o meu conceito sobre a poupança.
Reforçou ainda mais meus argumentos a notícia sobre a Caixa Econômica Federal, que se apropriou do saldo de 496 mil contas de poupança incorporando-o ao seu lucro de 2012. Estas contas totalizavam R$ 719 milhões, o que não é pouco.
Depois, conversando com alguns clientes e amigos, fiquei sabendo que contas de poupança vêm sendo encerradas por parte desse banco há alguns anos.
O que querem os investidores da poupança?
Mas o que pensam os 10.145 poupadores que juntos possuem valor na caderneta de R$ 36,2 bi, o que dá uma média de R$ 3,5 milhões por cliente?
Pela matéria publicado no jornal “O Globo” (05/01/2014) estes optaram pela poupança, pois acreditam que obtêm uma boa rentabilidade atrelada à segurança, mas sobretudo para eles – que possuem um valor significativo aplicado nesta modalidade – isto não é verdade.
A poupança só é garantida até o limite de R$ 250 mil por banco e por CPF. E, se comparada a outros investimentos conservadores como fundos que investem apenas em títulos do governo e outros produtos como LCI (Letras de Crédito Imobiliário), perdem no quesito rentabilidade.
Alguns números para facilitar
Talvez olhando os números fique mais fácil compreender minhas restrições quanto à poupança. Veja alguns exemplos de rendimentos, supondo aplicação de R$ 1 milhão no início de 2013:
- Na poupança: R$ 52.300 (isento de imposto)
- Em LCI (98% do CDI): R$ 78.792 (isento de imposto)
- Fundo ÓRAMA Cash DI: R$ 61.700 (já descontado 20% de IR)
Mas não são apenas os grandes valores que não devem ser aplicados na caderneta de poupança, com valores menores também é possível ganhar mais. Supondo uma aplicação de R$ 5 mil, os rendimentos em 2013 teriam sido:
- Na poupança: R$ 261,50 (isento de imposto)
- Em LCI (90% do CDI): R$ 361,80 (isento de imposto)
- Fundo ÓRAMA Cash DI: R$ 305,52 (já descontado 20% de IR)
Então lembre-se: o bom investidor procura melhores rentabilidades desde o inicio. Se você tiver alguma dúvida sobre investimentos em renda fixa, envie uma mensagem para mim através do canal “Fale com a Sandra”, no site da Órama.
Aproveito também para avisar que a partir de agora é possível investir em LCI com a Órama. Obrigada e até a próxima.
Foto “Piggy bank with calculator”, Shutterstock.