O presidente chinês, Xi Jinping, pediu nesta sexta-feira que os embaixadores chineses criem um “exército diplomático de ferro” leal ao Partido Comunista, retomando a retórica do “lobo guerreiro” propagada por alguns diplomatas como um sinal da política externa cada vez mais assertiva da China.
“Atreva-se a ser bom na luta e a se tornar defensor do interesse nacional. É necessário (…) salvaguardar resolutamente os interesses da soberania nacional, da segurança e do desenvolvimento com uma postura de prontidão e uma vontade firme de desafiar as potências fortes”, disse Xi aos enviados chineses ao exterior reunidos em Pequim, informou a emissora estatal CCTV.
Suas falas remetem a um estilo de retórica mais impetuoso e conflituoso adotado pelos diplomatas chineses desde 2020, que foi menos proeminente este ano, quando a China buscou atrair investimentos estrangeiros para sua economia debilitada.
Os laços com os Estados Unidos se descongelaram brevemente depois que Xi se encontrou com o presidente dos EUA, Joe Biden, em novembro, mas a China também está atualmente envolvida em disputas diplomáticas com as Filipinas sobre um recife contestado no Mar da China Meridional, bem como com o Japão sobre o descarte de águas residuais contaminadas procedente do reator nuclear de Fukushima destruído.
Xi também pediu aos enviados que aderissem à disciplina do Partido, repetindo a palavra “rigoroso” sete vezes em um discurso anual após a Conferência Central de Trabalho de Relações Exteriores, uma reunião secreta de planejamento de política externa de alto nível do Partido Comunista que ocorre a cada cinco anos, concluída na quinta-feira.
“É necessário colocar regras e disciplina na frente, disciplinar-se rigorosamente, assumir responsabilidade rigorosa… e criar um exército diplomático de ferro que seja leal ao Partido… ouse e seja bom na luta, e observe disciplina rigorosa”, disse Xi durante a conferência dos enviados no Grande Salão do Povo de Pequim.
Xi também enfatizou a necessidade de a China aumentar sua influência internacional para combater o que ele acredita serem as tentativas do Ocidente de conter e suprimir a China.
“Devemos fazer amizades amplas e profundas, e a luta para conquistar o coração das pessoas não deve ser realizada apenas nos templos, mas profundamente entre as massas. Devemos usar o idioma e os métodos estrangeiros para contar bem a história da China”, disse Xi, repetindo um discurso de junho de 2021 no qual ele pediu às autoridades que criassem uma imagem “confiável, amável e respeitável” da China.