Um interessante exercício de matemática, realizado por minha filha quando cursava o ensino fundamental (hoje ela é uma feliz profissional de Jornalismo, atuando no RJ), plantou a semente deste texto.
Seu então professor, certamente buscando desenvolver o raciocínio lógico e a relação de causa e efeito, propôs o seguinte trabalho: a partir de alguns parâmetros disponíveis (desde o custo da maternidade até a última mensalidade do colégio), calcule quanto cada um de vocês custou até hoje para sua família.
Foi um alvoroço na classe. Eram muitos dados, muitos cálculos e uma verdadeira incredulidade ao final com os resultados: a grande maioria, incluindo Renata, ficou assombrada com o vulto do valor calculado. Uma exorbitância!
Ao buscá-la no colégio, ouvi todo o detalhamento do exercício no caminho de casa, que terminou com a singela e definitiva sentença: “Pai, como você seria rico se não me tivesse!”. Na hora não pude deixar de rir muito com sua franqueza e conclusão.
Não me recordo dos valores numéricos, mas eram relevantes (você pode clicar aqui para ver uma conta semelhante). Mais tarde comecei a pensar mais seriamente em toda aquela experiência e a refletir sobre a tal “riqueza perdida”.
Concluí que faria tudo novamente, pois minha percepção de riqueza estava muito mais ligada ao fato de vê-la se desenvolvendo, caminhando pela vida e realizando sonhos do que pelo possível tamanho da minha conta poupança.
Percebi que a verdadeira dimensão da palavra “patrimônio”, geralmente tão vinculada às questões materiais, poderia ser reinterpretada e expandida.
Passei então a prestar mais atenção a tudo aquilo que muitos classificam como custo e que prefiro contabilizar como investimento, como formação de patrimônio, dentro deste particular conceito.
- Entendo que ver meu filho cruzar os oceanos pilotando um Airbus (e principalmente fazer isso com muito prazer), antes de completar 30 anos, é um belo patrimônio;
- Entendo que participar de encontros festivos com amigos antigos e atuais é patrimônio;
- Entendo que conviver numa família harmonizada e unida também é patrimônio;
- Assim como trabalhar com prazer, viajar pelo mundo e ter tempo para a vida e o amor.
Administrar estes múltiplos patrimônios, inclusive o material, é uma arte que exige vigilância ativa aos nossos mais verdadeiros valores pessoais. Quando conseguimos harmonizá-los e praticá-los, atingimos a plenitude – e aí, finalmente somos ricos de verdade.
Este texto é parte do livro “Dicas e Pensamentos de um Consultor da Vida”, que está disponível no formato de e-book, gratuitamente, no site www.jorgemauricio.com.br. Obrigado e até a próxima.
Foto “Father and daughter playing”, Shutterstock.