Um dos temas que mais gostamos de abordar no Dinheirama é capacitação dos investidores. Durante algum tempo, muita gente que se dizia investidor estampou capas de revistas e jornais falando dos bons resultados, mas bastaram alguns anos de crise econômica para os modelos de sucesso sumirem.
A cultura que só faz com que as pessoas tenham o interesse despertado para investir em época de bonança não faz bem a ninguém e procuramos combater essa tendência eufórica. Por aqui, sempre alertamos para a importância fundamental de investir sempre, um hábito que precisa ser cultivado com muito estudo e dedicação.
Para falar sobre o assunto, entrevistei Rodrigo Terni, que fundou sua primeira empresa no mercado financeiro em 2008. Hoje, ele é sócio-diretor da Schater, uma empresa focada em gestão de patrimônio e da Meivox, uma plataforma online para a bolsa de valores.
Engenheiro de Computação pela Escola Politécnica da USP e Engenheiro Elétrico pela Politecnico di Milano, possui CGA, Anbima e outras certificações no mercado financeiro. Nas respostas, Rodrigo ainda fala sobre o relançamento da Meivox, uma plataforma voltada para o desenvolvimento dos investidores. Confira nosso papo:
Sempre se falou muito sobre formação do investidor, mas parece que no Brasil não temos ainda desenvolvida uma cultura voltada para investimentos em bolsa de valores. Em sua opinião, como podemos criar essa cultura?
Rodrigo Terni: No meu ponto de vista, a formação do investidor deveria se iniciar já no ensino fundamental. Saber como lidar com o dinheiro é um aprendizado básico e essencial para se viver no mundo atual. Um jovem que não possui nenhuma preparação, não consegue discernir entre os produtos mais básicos desde renda fixa até variável.
Hoje aprendemos durante toda a nossa formação como ganhar dinheiro, mas não como preservá-lo e fazê-lo crescer. Trabalhamos para juntar para o futuro e nesse meio tempo entregamos tudo que poupamos para pessoas que não conhecemos e que, muitas vezes, não tem nem a mesma ética que aprendemos e nem o mesmo interesse.
Delegamos o controle de um de nossos recursos mais valiosos e não nos atentamos a como esse processo está sendo gerenciado. No caso da bolsa de valores, isso é ainda mais crítico por ser um mercado dinâmico que requer atenção e cuidado ao selecionar ações para o futuro.
Nos últimos anos, o mercado de ações foi o “patinho feio” na mídia especializada em finanças. Como você enxerga o mercado nos próximos anos? Existem boas oportunidades para o investidor?
R. T.: O mercado de ações, assim como qualquer outra classe de ativos financeiros, é cíclico. Possui épocas ruins e outras melhores. Entretanto, uma carteira de ações diversificada e balanceada invariavelmente possui retornos superiores a qualquer outra classe de ativo no longo prazo, desde que sejam selecionadas empresas com capacidade de gerar valor agora e no futuro.
É evidente que não adianta comprar um grupo de ações e nunca mais olhar para ele. É necessária atenção constante às empresas e às novas oportunidades do mercado, o que, para mim, sempre existe independente do cenário.
Hoje em específico, acredito que exista uma enorme oportunidade para o mercado de ações no Brasil. Percebo na maioria da sociedade uma grande insatisfação com a atual conjuntura, o que indica que podemos estar próximos de grandes mudanças.
Mudanças essas que podem ser boas ou ruins, mas os bons gestores são aqueles capazes de enxergar potencial onde a maioria ainda não viu. Eu vejo esse potencial mesmo através da onda de pessimismo exagerada que estamos passando.
Conte pra gente um pouco mais sobre o relançamento da Meivox. A plataforma está maior e mais completa?
R. T.: A Meivox é um projeto que me entusiasma muito. A visão de criar uma rede onde investidores pudessem se encontrar para discutir ideias e seguir outros investidores sempre me pareceu muito poderosa – principalmente pela possibilidade de criar um centro de conteúdo valioso para que a informação sobre o mercado seja disseminada livremente e com transparência.
Nesse relançamento, nos juntamos com um parceiro de peso em conteúdo financeiro, a InfoMoney, para poder entregar a qualquer investidor potencial uma ferramenta sem igual para conhecer o mercado. A Meivox hoje é um simulador perfeito do mercado de ações, recriando o ambiente real da bolsa no detalhe com uma interface amigável.
Tudo que é feito dentro da rede é compartilhado entre os investidores, criando uma riqueza muito grande para ser utilizada na vida real. Por exemplo, usuários podem ver quais são as ações mais publicadas na rede inteira ou somente entre aqueles que segue; pode achar carteiras de curto, médio e longo prazo ou então de baixo ou alto risco e por ai vai.
As novidades são muitas e convido o leitor a acessar e conhecer clicando em www.meivox.com.br.
Como vai funcionar o “Desafio das Seleções”? Até quando as inscrições para o atual desafio podem ser feitas?
R. T.: Os desafios são competições que montamos entre nossos investidores com o intuito de que eles mesmos possam colocar suas habilidades à prova de uma forma divertida.
Procuramos criar situações diversas para que os investidores ganhem experiência em situações da vida real com diferentes mercados e tipos de operações. No fim do desafio, todas as carteiras são abertas e todos podem verificar o histórico de tudo que foi feito por qualquer investidor para aprender com seus acertos e erros.
O desafio atual, “Desafios das Seleções” (clique para participar), é uma competição que fizemos misturando os jogos do Mundial de Futebol com o mercado acionário. É uma ideia bem inovadora que promete levar os investidores a buscar estratégias bem diferentes do que estão acostumados.
Todos os detalhes estão na página e as inscrições vão até 11 de junho. Está muito bacana, vale a pena conferir – clique aqui para detalhes.
Muita gente está especulando sobre as eleições e os cenários diferentes com a vitória do atual governo ou oposição. Independentemente de quem sair vitorioso, em sua opinião o que precisa ser feito para o mercado de capitais decolar no Brasil?
R. T.: Muito precisa ser feito, desde gerar uma maior conscientização sobre sua importância até aumentar sua transparência. Entretanto, com certeza, o esforço mais importante que precisa ser feito para que o mercado decole é o da educação. Colocar finanças pessoais nos currículos escolares é essencial.
Quanto mais pessoas entenderem do assunto, menos ineficiências existirão no mercado. Menos bancos cobrarão taxas abusivas de fundos, menos produtos com baixo retorno serão criados e mais gestores competentes aparecerão.
No fim, é tudo uma questão de oferta e demanda, como qualquer mercado, quanto maior for a demanda de pessoas por produtos financeiros bons e sofisticados, melhores serão as ofertas.
Rodrigo, muito obrigado pela disponibilidade. Por favor deixe um recado final para o leitor do Dinheirama que se interessou em conhecer um pouco mais de seu trabalho e também quer mais informações sobre a Meivox.
R. T.: Eu que agradeço pela entrevista. O melhor recado que posso dar é tentar convencer o leitor da importância que o entendimento do mercado financeiro tem na sua vida. Entender como e onde investir seu dinheiro pode trazer uma liberdade inacreditável.
Em vez de preocupar-se com seu futuro, em termos financeiros, você pode ter o controle dele e a consciência de que estará assegurado. Minha visão nas empresas que criei sempre foi trazer transparência e entendimento de investimentos, para que mais pessoas pudessem se sentir mais seguras com seu futuro.
A Meivox é meu projeto preferido nesse sentido. Uma rede totalmente aberta para investidores aprenderem e compartilharem sobre o mercado. Convido o leitor a dividir essa visão comigo e a ajudar nosso mercado a decolar. Espero você em www.meivox.com.br! Obrigado e até a próxima.