Difícil mesmo entender porque os bons morrem tão jovens. Desde criança enfrento essa questão com perplexidade. Hoje, finalmente, resolvi propor algo a respeito: que tal se invertêssemos a ordem dos clichês e fizéssemos com que os vasos ruins quebrassem logo?
Infelizmente, a vida vai nos desafiando a ver pessoas, empresas e coisas indo embora cedo. Nada de novo nisso.
A novidade é que, agora, países resolveram entrar para a lista dos que sucumbem prematuramente. O Brasil, tal qual nós conhecemos, morreu, antes de entrar na fase adulta, aos 20 anos de idade. Aquele país lindo, democrático, representação do futuro está em seu leito de morte.
Explico a metáfora: a história do Brasil, da forma como observamos hoje, começa em julho de 1994, com o Plano Real, cujos resultados imediatos foram o resgate da confiança na moeda e, por conseguinte, o controle da inflação. Antes disso, era Pré-História.
Não há como se pensar num país civilizado onde a inflação bate 80% ao mês. Se o poder de compra do salário cai pela metade num único mês, como ter um orçamento familiar equilibrado? Não pode haver um padrão de consumo consistente e saudável se sua única opção é correr para o supermercado tão logo receba seu salário.
E se não há consumo num quadro assim, tampouco pode haver investimento. Nenhum empresário vai tomar a decisão de investir e ampliar sua capacidade produtiva se não existe confiança na moeda e monta-se um novo plano econômico por ano, cada um completamente as regras do jogo.
Sem consumo e investimento, nenhuma Economia resiste. Por isso, pode-se dizer que nasce um novo Brasil a partir do Plano Real, com controle da inflação e estabilidade da economia.
Em pouco tempo, mais precisamente aos cinco anos de idade, o Plano atinge a maturidade. Implementa-se o famoso tripé macroeconômico, com sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e austeridade fiscal. Trata-se do alicerce da política econômica de 1999 até 2008, alinhado à ortodoxia e às melhoras práticas em nível global.
A coisa muda completamente a partir daí. Em resposta à crise financeira de 2008, o Governo brasileiro adota a chamada “nova matriz econômica”, heterodoxa e desalinhada ao tripé anterior.
A nova política econômica é caracterizada por perseguição de uma taxa de juro baixa, busca de uma taxa de câmbio competitiva e aumento dos gastos públicos. Ou seja, ferimos por completo a tríade anterior.
Ao reduzir de forma acelerada o juro, basicamente abandonamos a rigidez no sistema de metas de inflação. A variação do IPCA – índice oficial de inflação – bateu 6,52% nos 12 meses encerrados em junho. Ou seja, superamos o teto da meta, cujo centro é 4,50% ao ano, com dois pontos percentuais de banda, para cima ou para baixo. A inflação está de volta – e deve subir ainda mais.
E sem querer usar o instrumento da taxa de juro para combater a inflação, o Banco Central passou a usar o câmbio para o controle de preços. Amputamos a segunda perna do tripé: o câmbio perde seu caráter estritamente flutuante a partir da enormidade das intervenções do BC.
E tornamo-nos paraplégicos quando da perda da terceira perna. O elevado gasto do Governo simplesmente destruiu a austeridade fiscal. As metas de superávit primário têm sido sistematicamente descumpridas – obs.: o serão novamente em 2014 – e o Governo central apresentou em maio o pior resultado da história para suas contas.
Assim, se, metaforicamente, nasce um novo País em 1994, consolidado em 1999 com o tripé macroeconômico, exatos 20 anos depois esse Brasil morre. O crescimento econômico do Governo Dilma é o menor desde a Era Collor e a inflação foge do controle – já estaria beirando os 10% ao ano não fosse pelo controle de preços de gasolina e energia.
Em resumo, estamos prestes a voltar a condições anteriores a 1994. Seria o Fim do Brasil?
As consequências já começam a ser sentidas e há muito mais por vir. Você precisa estar preparado para a piora das condições econômicas e financeiras, sob o risco de ter seu patrimônio ferido.
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Nota: Esta coluna é mantida pela Empiricus, que contribui para que os leitores do Dinheirama possam ter acesso a conteúdo gratuito de qualidade.
Foto “Brazil on cracked wall”, Shutterstock.