A BHP registrará outra baixa contábil de 3,2 bilhões de dólares relacionada ao rompimento da barragem da Samarco no Brasil e mais uma de 2,5 bilhões de dólares para seu negócio de níquel na Austrália Ocidental, informou a maior mineradora listada do mundo nesta quinta-feira.
A BHP sinalizou os dois impairments não caixa antes de divulgar seus resultados semestrais na próxima semana, para os quais se espera que os lucros da mineradora tenham ficado relativamente estáveis em relação ao mesmo período do ano passado, sustentados pelos fortes preços do minério de ferro.
No mês passado, um juiz federal no Brasil determinou que a BHP, a Vale e a Samarco, joint venture entre as duas empresas, devem pagar até 47,6 bilhões de reais (9,67 bilhões de dólares) em indenizações pelo rompimento da barragem de Mariana em 2015, em uma decisão ainda sujeita a recurso.
O colapso na cidade de Mariana causou um gigantesco deslizamento de terra que matou 19 pessoas e poluiu gravemente o rio Doce, comprometendo o curso d’água até sua saída no Oceano Atlântico.
O encargo adicional de 3,2 bilhões de dólares na demonstração de resultados elevará a provisão da BHP Brasil para o rompimento da barragem da Samarco para 6,5 bilhões de dólares em 31 de dezembro de 2023, disse a BHP.
“A primeira coisa a observar é que são baixas contábeis e não reduções de caixa. A Nickel West não estava contribuindo em nada para seus lucros”, disse o chefe de pesquisa Hayden Bairstow, da Argonaut Securities, em Perth. É improvável que as baixas contábeis afetem os pagamentos de dividendos provenientes da unidade de minério de ferro.
No mês passado, a mineradora sinalizou uma possível baixa contábil em suas operações de níquel na Austrália Ocidental, já que um salto no fornecimento de níquel da Indonésia levou a uma série de baixas contábeis e reestruturações em todo o setor. A empresa tem um acordo para fornecer níquel à Tesla a partir das operações.
“Devido à deterioração das perspectivas de curto e médio prazo para o níquel, a BHP reduziu suas premissas de preço do níquel”, disse a mineradora. “Espera-se que essas condições operacionais desfavoráveis perdurem por um tempo considerável.”
A BHP produziu 80.000 toneladas de níquel no ano fiscal encerrado em junho, mas a divisão contribuiu com -1% para seus lucros subjacentes.
A BHP divulgará os resultados do primeiro semestre na terça-feira, 20 de fevereiro.