Recentemente recebi um e-mail de uma leitora jovem, que pediu anonimato. De acordo com a mensagem, esta jovem passa por um período de grande dificuldade e busca orientação para acabar com as dívidas criadas a partir de um cartão de crédito; mais especificamente pela utilização do limite, que segundo ela foi “dado” pelo banco sem muita dificuldade.
Tenho certeza que essa realidade apontada pela leitora é muito comum. Milhares de brasileiros estão vivendo, neste exato momento, situações delicadas por escolhas de consumo feitas de maneira equivocada.
A facilidade de uso do crédito e os altos juros cobrados certamente colocam no cartão de crédito e na utilização do limite do cheque especial os problemas mais visíveis e tristes de nossa população. Tudo porque em pouco tempo criam uma verdadeira bola de neve e carregam o devedor ladeira abaixo.
Aqui no Dinheirama já tratamos diversas vezes da questão, veja alguns artigos que podem ajudar a lidar melhor com essa realidade:
- Armadilhas do cartão de crédito que você deve evitar
- Cinco dicas para aproveitar mais e melhor o cartão de crédito
- Cartão de crédito: aprenda a usar para não se dar mal
A solução para os seus problemas financeiros está no espelho
A verdade é que precisamos mudar a nossa atitude frente ao dinheiro e lidar de forma adulta com as consequências que nascem após as escolhas que realizamos. Escolhas muitas vezes sem planejamento e com base apenas em aspectos emocionais: o “querer” é mais poderoso do que fato de poder ou não comprar. Somos péssimos para lidar com a frustração, já percebeu?
Respondi para esta leitora dizendo que a primeira providência que ela deveria tomar era procurar um espelho e olhar, com toda sinceridade, para a imagem refletida nele. A situação financeira vivida pode ter sido agravada por circunstâncias diversas, algumas alheias, mas o responsável por buscar uma solução está no espelho.
Ao aceitar a situação e deixar de se ver e agir como vítima, uma saída planejada se tornará algo possível e desejável, algo pelo que valerá a pena se esforçar e motivar. Quando o endividado está disposto a arcar com sua responsabilidade, por vezes abrindo mão de alguns luxos ou supérfluos, existe saída.
Especificamente pra ela, a saída acabou sendo a venda de um carro como forma de angariar recursos para quitar suas dívidas, que já estavam elevadas e com juros que faziam o montante subir muito rápido. Tratava-se de um bem com grande valor sentimental, mas que naquele momento foi parte de uma decisão racional para reequilibrar o orçamento.
Para quem não possui bens, o caminho mais apropriado é encontrar uma linha de crédito mais barata e substituir o mais rapidamente possível a dívida cara por um empréstimo com juros menores. Os empréstimos consignados são sempre ótimas opções para esse tipo de troca, já que seus juros são muitos mais baixos do que os do cartão de crédito e cheque especial.
Comportamento: educação financeira se faz com atitudes!
Após apresentar a solução para a leitora, poucas semanas depois recebi um novo e-mail, desta vez para agradecer pelos conselhos. Ela fez questão de ressaltar o quanto foi importante olhar no espelho e perceber, ao longo da sua vida, quantas vezes ela optou por atitudes que fogem do consumo consciente e pelo excesso de endividamento.
Ela terminou sua mensagem dizendo que mais do que um exercício financeiro, essa lição do espelho se tornou algo que colabora diariamente para um novo momento da família, onde não há espaço para o consumo descontrolado, sem planejamento. Ela decidiu olhar no espelho todos os dias e se orgulhar de viver respeitando seu orçamento.
Fiquei contente com o retorno e mais feliz ainda em poder compartilhar a história por aqui. Nossa responsabilidade como militantes da educação financeira está intimamente ligada aos aspectos comportamentais, pois no fundo são eles que nos levam aos problemas e também às melhores soluções.
Foto “Man in front of mirror”, Shutterstock.