O cubano Luis Collado ficou agradavelmente surpreso com a fila excepcionalmente curta — pelo menos para os padrões de Cuba — de apenas alguns veículos na orla de Havana nesta sexta-feira.
Ele não ficou tão impressionado com o custo do combustível, que quintuplicou da noite para o dia, quando o governo realizou o primeiro de uma série de aumentos de preços que diz serem necessários para sustentar a economia em colapso do país comunista.
“Para mim, pessoalmente, isso significa que terei de economizar mais e dirigir menos”, disse Collado à Reuters em uma entrevista da janela de seu pequeno Kia cinza.
Como muitos cubanos, o engenheiro civil e morador de Havana disse que entendia a necessidade dos aumentos de preços.
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“A gasolina em Cuba era a mais barata do mundo… Estávamos distribuindo a gasolina”, disse ele. “Mas um aumento (no preço do combustível) deve ser acompanhado por um aumento correspondente nos salários.”
Até sexta-feira, o combustível de Cuba estava de fato entre os mais baratos do mundo, de acordo com o banco de dados online GlobalPetrolPrices.com, com um litro de gasolina “Especial” (94 octanas) sendo vendido por 30 pesos, ou menos de 0,10 dólar, na taxa de câmbio atual do mercado negro.
De acordo com o novo esquema de preços, um único tanque de combustível de 40 litros custará 6.240 pesos, ou cerca de 20 dólares pela taxa de câmbio do mercado negro, bem acima do salário médio mensal do Estado em 2023, de 4.856 pesos, ou 15,66 dólares.
As autoridades afirmam que o aumento do preço do combustível — que inclui a venda de parte da gasolina em dólares — ajudaria Cuba a comprar mais combustível para conter os apagões e a escassez de combustível na ilha caribenha.
No final de dezembro, Cuba anunciou o aumento do preço da gasolina, bem como aumentos direcionados no preço do transporte público, da eletricidade e do gás de cozinha, em uma tentativa de reduzir um déficit fiscal crescente. Os críticos afirmam que as políticas são inflacionárias e inoportunas.
As autoridades disseram que decidiram limitar os aumentos dos preços dos combustíveis em 1º de março ao setor de varejo e que continuariam a subsidiar os serviços públicos, como o transporte, para amenizar o impacto sobre os consumidores.