O Banco Central Europeu quer desmamar os bancos do acesso a recursos livres, mas tentará fazer isso em um ritmo suave o suficiente para não perturbar o sistema financeiro ou a criação de crédito, mostraram os resultados de sua tão esperada revisão de arcabouço nesta quarta-feira.
Veja a seguir os principais pontos do novo arcabouço do BCE para orientar as taxas de juros em uma nova era em que a inflação está mais alta e o excesso de liquidez injetado na última década está sendo lentamente drenado do sistema:
O BCE terá como objetivo manter as taxas de juros interbancárias overnight “nas proximidades” da taxa que paga sobre os depósitos bancários, atualmente em 4%. Entretanto, ele tolerará alguma volatilidade.
Os bancos continuarão a poder tomar empréstimos do BCE em suas Operações Principais de Refinanciamento (MRO, na sigla em inglês) semanais e nos leilões de 90 dias.
A taxa das MROs, atualmente de 4,50%, será reduzida a partir de 18 de setembro para diminuir o spread entre ela e a taxa de depósito para 15 pontos-base. Isso deve ajudar a manter a Taxa de Curto Prazo do Euro (ESTR) próxima da taxa de depósito do BCE e, ao mesmo tempo, dar aos bancos algum incentivo para emprestar uns aos outros.
O BCE lançará novos empréstimos de longo prazo para os bancos e compras de títulos “em um estágio posterior”, quando perceber que os bancos começaram a tomar empréstimos novamente como resultado da redução da liquidez.
É provável que a nova carteira seja composta por títulos com vencimentos mais curtos, uma vez que seu objetivo será apenas cobrir as “necessidades estruturais de liquidez” dos bancos decorrentes da demanda por cédulas e das exigências de reservas mínimas.
O Programa de Compra de Ativos e o Programa de Compra de Emergência Pandêmica do BCE seguirão sendo descontinuados.
A taxa de compulsório dos bancos permanecerá em 1%.
O BCE revisará seu arcabouço novamente em 2026 ou antes, se necessário. Também realizará uma análise aprofundada da estrutura de suas novas operações de empréstimo e de compra de títulos.