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Fugir para Miami: Opção, Desesperança ou Única Saída?

por Ricardo Pereira
3 min leitura
Fugir para Miami: Opção, Desesperança ou Única Saída?

Nos últimos anos, tem sido comum os gastos dos brasileiros no exterior alcançarem recordes. O brasileiro está cada vez mais viajando e consumindo produtos lá fora. Boa parte dos viajantes, ao conhecer de perto uma nova cultura, quando retorna ao país percebe o quanto vivemos uma realidade cruel e que imputa às pessoas a necessidade de lidar com altos impostos e serviços de qualidade abaixo da crítica.

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Vale lembrar que a ascensão de classes, registrada principalmente após a eleição do presidente Lula, foi o estopim para que o nascimento de uma nova classe média também apresentasse desejos de um país diferente, com mais oportunidades, justiça e menos corrupção.

De acordo com o Wall Street Journal, a reeleição de Dilma Rousseff desencadeou um verdadeiro êxodo de brasileiros, que buscam em Miami a oportunidade de prosperar vivenciando uma economia mais estável. Algo sobre essa realidade merece reflexão: muda quem pode, não quem quer. O Brasil perde muitos talentos e gente que poderia fazer a diferença por aqui.

Não podemos desistir do Brasil!

O então candidato Eduardo Campos, em sua última entrevista antes do fatídico (e pouco explicado) acidente de avião que tirou precocemente sua vida, disse uma frase de efeito que rapidamente foi repetida por muita gente no país: “Nós não podemos desistir do Brasil”.

Sem parecer demagogia, essa parece ser uma frase extremamente feliz, afinal o que resta ao país de esperança de mudança só se confirmará com a atuação firme de pessoas que se indignam com os desmandos e falcatruas, mas que estão dispostas a arregaçar as mangas e transformar o que não está bom.

Tenho convicção de que não se trata simplesmente de uma questão de querer; possivelmente, uma mudança estrutural que realmente fosse significativa levaria bastante tempo, talvez gerações, mas abandonar o barco em um país cheio de oportunidades pode ser um erro cívico histórico.

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Como fica o papel do cidadão?

As mudanças por si só não resolvem nada, afinal a vontade de mudar precisa ser seguida de transformação de comportamento. Precisamos apostar em um país plural, onde os interesses pessoais sejam suprimidos pelo bem estar geral, mas com coerência e inteligência.

O exemplo, que todos nós gostaríamos que surgisse de cima, pode ser transmitido de forma simples e com atitudes pequenas, como respeito às leis de trânsito e boas maneiras na convivência social.

Normalmente, identificamos a indignação das pessoas ao assistir os jornais e suas denúncias de corrupção, ficamos irritados, mas continuamos (quando nos convém, é claro!) colocando em prática o velho e conhecido “jeitinho brasileiro”.

Definitivamente, temos aqui os políticos que merecemos! Achamos normal que boa parte dos candidatos tenha sido eleito com “palhaçadas” e brincadeiras; achamos “ok” um bando de representantes que não trouxeram de fato nenhuma proposta interessante, agregadora e transformadora.

No artigo A omissão prejudica o Brasil e nossa sociedade, o amigo Gustavo Chierighini, contribui com o debate de forma brilhante, com um pensamento que cabe como uma luva dentro do cenário atual:

“Dizem que em teoria política existe uma máxima que diz que um vácuo político sempre será ocupado pela força protagonista mais relevante. Ou seja, se você se omite, alguém vai lá e faz por você. Simples assim. Em tempos de intensa intervenção estatal, independentemente de ser bem intencionada ou não, não podemos nos esquecer de que somos sujeitos do processo – e, longe de meros coadjuvantes, estamos mais para o protagonista que resolveu tirar um cochilo”

Façamos a nossa parte!

Seria pretensão minha ditar aos leitores o que cada um deveria fazer. Coisas simples, que admiramos no exterior (respeito aos mais velhos, limpeza e cuidado com o bem público, por exemplo) só se tornarão realidade por aqui quando fizermos a nossa parte no nosso pequeno universo cotidiano (família, amigos e trabalho).

Meu sócio e grande amigo Conrado Navarro sempre enfatiza em suas palestras o poder do exemplo: “Palavras inspiram mas só exemplo arrasta”.  O Brasil precisa de você e das pessoas boas, que estão dispostas a não se omitirem diante do desafio de acordar esse gigante. Um grande abraço e até a próxima.

Foto “Miami”, Shutterstock.

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