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Bolsa brasileira depende de taxa de desconto menor para “andar”, vê CIO da Western no Brasil

De acordo com Clini, o ano começou com a perspectiva de que a maior parte do problema da inflação ficara para trás, o que permitiria ao Federal Reserve e outros bancos centrais começar a cortar juros e em um ritmo razoável

por Reuters
3 min leitura
Fachada da B3, em São Paulo (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A bolsa brasileira tem um “upside interessante”, mas para que esse movimento se materialize é necessária a visão de uma taxa de desconto menor do que a atual, avalia o diretor de investimentos da Western Asset Management no Brasil.

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Paulo Clini enfatizou em entrevista à Reuters que é necessário destravar a questão sobre qual é o juro terminal no Brasil para que “essa atratividade” na bolsa se transforme de fato em alta de preço. Atualmente, a Selic está em 10,25%.

Embora a pesquisa Focus mostre a Selic a 9% no final de 2024 e a 8,50% no final de 2025, a curva futura de juros precifica um nível maior, mais perto de 10%, o que, de acordo com o executivo, faz com que o juro real permaneça em patamar elevado.

“Se você não vislumbrar um cenário mais positivo para isso…a bolsa brasileira não anda”, afirmou o executivo da Western, que no Brasil tem 40 bilhões de reais em ativos sob gestão.

As apostas embutidas na curva de DI refletem em parte o tom mais conservador do Banco Central recentemente, que na última reunião o Comitê de Política Monetária (Copom) encurtou a sua prescrição futura em relação aos cortes na taxa básica de juros.

Em declarações nessa semana, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reafirmou que, apesar de a atividade econômica forte no Brasil ter criado novas incertezas, o processo de desinflação não está interrompido.

Mas as expectativas no Brasil sofreram também um contágio da alta dos rendimentos títulos do Tesouro dos Estados Unidos desde o final de 2023, após dados mostrando uma economia ainda robusta e uma inflação resiliente.

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De acordo com Clini, o ano começou com a perspectiva de que a maior parte do problema da inflação ficara para trás, o que permitiria ao Federal Reserve e outros bancos centrais começar a cortar juros e em um ritmo razoável.

Mas, acrescentou, números de atividade e inflação recentes não endossaram tal tese. “Aquela perspectiva de que o Fed pudesse cortar diversas vezes (a taxa) ao longo do ano, de uma maneira sequencial, ela foi sendo paulatinamente enterrada.”

O cenário com um primeiro corte na taxa norte-americana, atualmente entre 5,25% e 5,50%, em meados do ano, com mais duas ou três reduções ainda em 2024, é “razoável” na visão do executivo, dada a previsão de alguma desaceleração da economia.

“Isso, em algum momento do tempo, provavelmente meados do ano, começa a abrir espaço para o Fed cortar juros, dependendo de como os dados estiverem naquele momento do tempo, e ele vai estar bastante dependente dos dados”, avaliou.

Clini destacou que esse movimento é essencial para uma mudança nos fluxos de recursos, uma vez que a combinação norte-americana de economia crescendo, juros elevados e inovação tecnológica funciona como um “aspirador de recursos globais”.

De acordo com os dados mais recentes da B3, o saldo de capital externo no mercado secundário de ações brasileiro está negativo em 24,4 bilhões de reais em 2024.

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