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Após IPCA de março, Itaú Unibanco mantém expectativa de corte de 0,50 p.p. da Selic em junho

O IPCA de hoje foi uma divulgação com vários aspectos benignos

por Reuters
3 min leitura
(Imagem: Gustavo Kahil/ Dinheirama)

O economista-chefe do Itaú Unibanco (ITUB4), Mário Mesquita, afirmou nesta quarta-feira que o resultado do IPCA de março não alterou a expectativa do banco de corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica de juros Selic em junho, apesar das preocupações com os preços de serviços.

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em março, o que representa uma forte desaceleração ante a alta de 0,83% em fevereiro. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam avanço de 0,25% no mês.

Em conversa com jornalistas, Mesquita foi questionado pela Reuters se o resultado abaixo das expectativas alterava de algum modo a visão do Itaú Unibanco sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em junho.

“O IPCA de hoje foi uma divulgação com vários aspectos benignos. O (índice) cheio veio abaixo do esperado, os núcleos vieram bem, mas comportamentos de serviços ligados à mão de obra seguem preocupando”, afirmou o economista-chefe do Itaú Unibanco.

“Não mudou de forma muito intensa nossa visão a respeito de junho. A gente tem que ver também a divulgação de indicadores de atividade para esta semana… Por hora, não mudou. Estamos com 50 (pontos-base de corte da Selic em junho)”, acrescentou.

Em suas comunicações mais recentes, o BC indicou a intenção de cortar em 0,50 ponto percentual a Selic no próximo encontro do Copom, em maio, mas deixou em aberto a decisão para o encontro seguinte, em junho, alegando aumento da incerteza. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

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No relatório Focus, a mediana das expectativas do mercado aponta para uma Selic em 9,00% ao ano no fim de 2024 e a 8,50% no encerramento de 2025. Um pouco mais conservador, o Itaú Unibanco projeta uma taxa básica de 9,25% para o fim deste e do próximo ano.

“Quem acreditava em um juro abaixo de 9% já está repensando. A gente está um pouquinho acima de 9%”, comentou Mesquita.

Para os economistas do Itaú Unibanco, uma das preocupações é a dinâmica dos preços dos serviços, em especial dos itens mais ligados ao mercado de trabalho algo que já vem sendo destacado, inclusive, pelo BC em suas comunicações.

“A parte de serviços mais ligados à mão de obra está subindo”, pontuou Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco, na conversa com jornalistas. “Todas as vezes em que a gente viu o desemprego rodando abaixo de 9%, vemos ajustes salariais nominais acima da inflação”, acrescentou.

Serviços médicos, dentários e de estética estão entre os itens que geram maior pressão atualmente.

O cenário fiscal é outra preocupação. O Itaú Unibanco projeta atualmente déficit primário de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 e rombo de 0,9% em 2025. Atualmente, o governo trabalha com meta de resultado zero este ano e superávit de 0,5% no próximo.

Troca no Comando do BC

Mesquita afirmou ainda que a substituição do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, está no radar, mas minimizou eventuais impactos na condução da política monetária.

“(A) inflação é tão impopular, torna tamanho dano, que acredito que o governo vai optar por alguém que vai seguir priorizando o combate à inflação”, afirmou o economista-chefe do Itaú Unibanco.

Campos Neto segue no comando do BC até o fim deste ano, e tanto em Brasília quanto no mercado financeiro já começaram as especulações sobre quem poderá substituí-lo.

“Acho que tem o incentivo para que o governo escolha alguém que vai combater a inflação. O regime de metas do BC acaba impondo isso. Se você começa sistematicamente a desviar desta meta, você afeta sua credibilidade”, avaliou.

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