Em mais uma sessão de forte volatilidade, as taxas dos DIs de curtíssimo prazo fecharam perto da estabilidade nesta quinta-feira, enquanto as taxas mais longas tiveram baixa firme em continuidade ao movimento da véspera, com investidores ainda ajustando posições frente à perspectiva de juros mais altos no curto prazo no Brasil do que o previsto anteriormente.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,435%, ante 10,43% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,735%, ante 10,768% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,02%, ante 11,049%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,24%, ante 11,296%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,405%, ante 11,671%.
Na quarta-feira a curva de juros brasileira já havia passado por um movimento de desinclinação, com as taxas curtas em alta firme e as longas em baixa.
O movimento era resultado do reposicionamento de investidores ao novo cenário de risco fiscal maior no Brasil e perspectiva de cortes de juros mais à frente nos EUA.
Nesta quinta-feira o reposicionamento continuou.
“A curva brasileira tem uma questão particular, que tem sido a desinclinação, que vem da forte leitura que vemos do curtíssimo prazo. Ontem (quarta) as taxas curtas subiram bem e as longas caíram, com o mercado focado no reposicionamento local”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Segundo ele, este movimento continuou nesta quinta-feira no Brasil, a despeito de no exterior os rendimentos dos Treasuries estarem sustentando ganhos em toda a curva.
Na prática, o mercado seguiu elevando as apostas de que o BC cortará a taxa básica Selic em apenas 25 pontos-base em maio e não em 50 pontos-base, como vinha sendo sinalizado pela instituição. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.
“E se você tem juros mais altos agora, há uma tendência de maior controle da inflação e de alívio maior (na política monetária) no futuro. Então, faz sentido a taxa curta subir e a longa cair”, comentou Machado.
Com o movimento na ponta curta, que abriu em vários momentos da sessão, a curva brasileira chegou a precificar durante a tarde 100% de chances de o BC cortar a Selic em apenas 25 pontos-base em maio. Perto do fechamento a precificação estava em 93% para corte de 25 pontos-base e 7% para corte de 50 pontos-base.
Ao mesmo tempo, profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que a volatilidade foi alta durante a sessão, com as taxas reagindo ora ao exterior, ora a fatores técnicos internos.
A alta do dólar, que colocou a moeda norte-americana à vista em 5,2800 reais (+0,68%) durante a tarde, foi citada como um fator que travava a queda das taxas dos DIs.
Sobre esta questão, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ponderou à tarde, durante evento em Washington, que um cenário com dólar forte “é sempre um problema” e pode gerar reação de bancos centrais pelo mundo.
“No caso do Brasil, o dólar é flutuante. O que é relevante para nós é o impacto do dólar na nossa função de reação, no que fazemos no BC, mas entendo que o Brasil tem uma situação diferente porque nossas contas externas são muito fortes”, afirmou Campos Neto.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries se mantinham em alta no fim da tarde, com investidores ponderando novos dados econômicos divulgados pela manhã e declarações de dirigentes do Federal Reserve.
O presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse que não há motivos urgentes para reduzir os juros neste momento, enquanto o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que não está com “muita pressa” para cortar as taxas.
Às 16h39, o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento subia 5 pontos-base, a 4,637%.