O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que ainda terá que decidir se vai antecipar a indicação do sucessor de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central ou se fará o anúncio mais próximo do fim do seu mandato, que acontece em 31 dezembro.
Em café da manhã com jornalistas, Lula voltou a questionar a atuação de Campos Neto e a defender a redução dos juros, ressaltando que poucos países têm atualmente a segurança que o Brasil tem.
Eu tenho que indicar mais diretores e o presidente do Banco Central até o final do ano. Só tenho que decidir se vou antecipar ou se deixo para indicar o mais próximo possível do vencimento do mandato do Roberto Campos.
Quem já conviveu com o Roberto Campos um ano e quatro meses não tem nenhum problema conviver mais quatro meses.
Paciência até o final do ano
“O que precisamos é que as pessoas preocupadas com o mercado tenham responsabilidade com esse país. Este país não pode ficar todo dia tomando susto de que o mercado não gostou disso, não gostou daquilo. O mercado tá ganhando é muito dinheiro com essa taxa de juros e tem que ficar claro para a sociedade. E o presidente do Banco Central que quem perde dinheiro com essa taxa de juros alta é o povo brasileiro”, disse Lula.
“Os empresários brasileiros que não conseguem investir. Mesmo, dizendo isso, eu tenho toda paciência do mundo porque tenho que esperar até dezembro para mudar o Banco Central. Então, veja como nós somos tranquilos”, ressaltou.
Segundo Lula, quem ganha com os juros altos é o mercado e quem perde é “o povo brasileiro”. “Eu gosto mais do Brasil do que o mercado. Eu quero mais bem para o Brasil do que o mercado”, afirmou Lula.
Ele ponderou, contudo, que quem já conviveu com Campos Neto por um ano e quatro meses “não tem problema” em conviver por mais seis meses.
Um dos nomes cotados para a sucessão na presidência do BC é o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. O ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda defendeu no início deste mês que dirigentes da instituição não deveriam se envolver no processo de escolha, que é uma atribuição do presidente da República.
Mercado eleva expectativas
Analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver menos afrouxamento monetário este ano e no próximo, embora tenham mantido a perspectiva de novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros Selic na próxima reunião.
A pesquisa Focus divulgada pelo BC nesta terça-feira mostra que a estimativa para a Selic ao final de 2024 subiu a 9,50%, de 9,13% na mediana das projeções antes. Para 2025, a projeção foi a 9,0%, depois de 19 semanas em 8,50%.
A Selic está atualmente em 10,75%, e os especialistas consultados pelo BC seguem vendo que ela será reduzida a 10,25% na reunião de 7 e 8 de maio do Comitê de Política Monetária (Copom). No entanto, para o encontro seguinte, em junho, passaram a ver corte de apenas 0,25 ponto percentual, contra 0,50 ponto na última semana.
(Com Reuters)