Passado o 1º de maio, a presidente Dilma Rousseff quebrou a tradição e não foi para a TV em rede nacional falar com a população. Nessa ocasião, a presidente preferiu se comunicar via redes sociais, fugindo ao pânico de um novo panelaço, também em rede nacional, e de não ter nada para comemorar, ou mesmo para anunciar.
A presidente Dilma parece acusar logo no início de seu segundo mandato os efeitos de sua campanha à reeleição, quando disse que não faria quase tudo o que está fazendo. Seguiu os marqueteiros e seus áulicos e depois teve que ceder à realidade e necessidade de promover ajustes na economia, como seguidamente falaram quase todos os economistas.
Além disso, entrou em choque com o Legislativo, sofreu algumas derrotas importantes e ainda contou com a “fúria” dos presidentes do Senado e da Câmara, pródigos em criticar a atuação do governo, incluída aí a quebra de tradição de presidentes falarem em rede nacional de TV nas comemorações do Dia do Trabalho.
A presidente, evidentemente, também não compareceu a nenhuma comemoração pública, como o encontro no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Realmente ela não tem nada para comemorar e não pode antecipar nenhuma medida favorável aos trabalhadores, principalmente aqueles que dependem da aprovação do legislativo.
O IBGE anotou que a taxa de desemprego do mês de março subiu para 6,2%, vindo no mês anterior de 5,9%, e a renda real do trabalhador encolheu 2,8%, a pior performance desde maio de 2011. A inflação oficial medida pelo IPCA só faz subir nos diferentes cenários, atingindo previsão de 8,26%, segundo a última pesquisa Focus semanal do Bacen.
O PIB estimado para 2015 também não para de cair e, segundo a mesma pesquisa, deve ser negativo em 1,18% em 2015, estimativa que parece modesta, assim como a previsão de crescimento de 1,0% em 2016, que pode arrefecer.
De forma semelhante, o Bacen anunciou superávit primário de R$ 19 bilhões no primeiro trimestre, mas o déficit nominal (depois de pagamento de juros) em 12 meses chegou a R$ 435,7 bilhões, algo próximo de 8% do PIB, com a dívida bruta ao redor de R$ 3,5 trilhões.
Não é por outra razão que o FMI diagnosticou que o país teve o pior desempenho em mais de duas décadas, mas destacando os esforços sobre os ajustes, ajustes esses que estão demorando muito a sair, e que até aqui se fazem muito mais pelo aumento de receitas que por cortes de gastos.
Nesse momento, a despeito de todo o empenho do ministro Joaquim Levy, começam a surgir dúvidas sobre os cortes requeridos, já que tanto o Congresso Nacional, como diferentes membros do novo ministério de Dilma parecem algo avessos a isso (cortes).
Quanto mais não seja, a demora na aprovação de medidas acaba colocando em risco a meta de superávit primário de 1,2% do PIB em 2015, sem que haja o auxilio “luxuoso” de mais tributos ou de concessões aceleradas pelo Governo. O Ministro da Fazenda Joaquim Levy segue sendo o fiador das reformas, mas sofre desgastes em função do retardo de cortes de gastos com custeio e brechas abertas como o fundo partidário e outras despesas.
Apesar do reconhecimento das dificuldades para ajuste da economia, a liquidez internacional segue produzindo bons fluxos para a Bovespa e para o país. Até o último dia 28/04 a Bovespa tinha registrado ingresso de investidores estrangeiros em 2015 de R$ 17,5 bilhões, o mesmo acontecendo no segmento de renda fixa, aproveitando as taxas de juros elevadas. Porém, no que tange aos recursos de origem de mais longo prazo, os investidores seguem relutantes e aguardando as mudanças.
Mesmo com tudo isso e mais a melhora de preços das commodities no mercado internacional, ainda contamos com enorme volatilidade nos mercados de risco, e é exatamente por isso que seguimos recomendando prudência na assunção de risco, indicando a destinação de boa parte dos recursos para fundos de investimentos, onde os gestores lidam diariamente com todo o volume de informação, avaliam e alteram suas alocações.
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Nota: Esta coluna é mantida pela Órama, que contribui para que os leitores do Dinheirama tenham acesso a conteúdo gratuito de qualidade.