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Home Economia Temos um fiscal que está quase “exaurido”, alerta Campos Neto

Temos um fiscal que está quase “exaurido”, alerta Campos Neto

Campos Neto pontua, contudo, que o crescimento estrutural do Brasil não é muito alto, o que prejudica a trajetória fiscal

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Apresentação do Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre as medidas de combate aos efeitos da Covid-19

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira que a dinâmica fiscal deve passar por mudanças se houver um impulso do crescimento da economia de cerca de 2% para 3% ou 3,5%, mas observou que o país tem dificuldades em cortar gastos.

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Em entrevista à CNN Brasil, Campos Neto destacou a alta dos gastos por parte do governo, mas disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem demonstrado tentativas de “segurar o fiscal”.

Piora na trajetória fiscal

“Como o mercado já entendia que o governo não ia cumprir o fiscal, a preocupação é se depois da mudança fiscal, aquela expectativa que você tinha antes, ela fica pior ainda. Hoje saiu um dado que mostra que ela está começando a piorar do que em relação ao que já se tinha anteriormente”, pontua.

O relatório Focus, do Banco Central, mostrou que o mercado piorou a estimativa para o resultado primário em relação ao PIB no próximo ano caiu de -0,6% para -0,68%. Para 2024, a projeção continua em -0,7%.

“Temos um fiscal quase exaurido”, alerta. “Já estamos perto do ponto que, se a carga tributária aumenta, isso reflete em uma queda no crescimento”, complementa.

Segundo o presidente do BC, é necessário realizar uma “travessia” para alcançar credibilidade, mas reiterou que o crescimento da economia deve ser o objetivo final.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista à CNN
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista à CNN (Imagem: Reprodução/ Youtube CNN)

As 4 dimensões

O presidente do BC alerta que é importante o governo construir uma narrativa entre o Executivo e o Legislativo para reforçar que, com um aumento de gastos, haverá um problema de estabilidade da dívida.

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Para ilustrar o que o investidor estrangeiro penas quando olha para o Brasil, o economista listou “quatro dimensões”. “Ele olha de uma forma mais simples”, diz Campos Neto.

1 – Trajetória da dívida

“Eles olham primeiro: qual é a trajetória da sua dívida? Como vai ser nos próximos 5 a 10 anos: vai cair, convergir, continuar subindo? Isso é um ponto. E, no Brasil, tem uma dúvida se vai convergir, ou não. As apostas convergentes são baseadas em premissas que são otimistas”.

2 – Carga tributária

“Segundo ponto: qual é a sua carga tributária? Porque, se você tem uma dívida alta, mas uma carga tributária baixa, tem espaço de arrecadação para recompor. O problema que a nossa carga tributária já é alta. Mas, se numa dimensão a dívida é alta, e a carga tributária sobre o PIB já é alta, sobram outras duas dimensões”

3 – Crescimento

“Quanto você consegue crescer e qual é o seu crescimento estrutural? Se você tem um alto, eventualmente você consegue pagar sua dívida. Mas nosso crescimento estrutural não é muito alto, fica em torno de 2%.

4 – Eficiência do gasto

“E sobra uma última dimensão: uma dívida alta, pouca capacidade de arrecadar mais, crescimento estrutural que não é tão alto, então, qual é a eficiência do seu gasto?”

Qual é a saída?

Ou seja, Campos Neto ressalta que o PIB vem sendo reduzido ao longo dos últimos anos, mas que recentemente o potencial cresceu um pouco, de 1,8% para 2%, ou 2,1%.

“Temos também o desafio da qualidade do gasto. Isso é mais de governo e menos do que de Banco Central”, explica.

Por fim, o economista ressalta que, se o Brasil conseguir sair de 2% para 3%, a dinâmica fiscal começa a mudar. “Se colocar de 3% a 3,5%, aí a dívida converge relativamente rápido”, avalia.

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