O candidato da oposição venezuelana, Edmundo González, disse nesta sexta-feira que se o governo do presidente Nicolás Maduro estivesse planejando bloquear sua candidatura presidencial, banindo-o de cargos públicos, já teria tomado a medida.
González, de 74 anos, ex-diplomata na Argélia e na Argentina, foi nomeado pela coalizão de oposição Plataforma Unitária no mês passado como seu candidato para a eleição presidencial de 28 de julho, depois que a vencedora das primárias, María Corina Machado, teve a proibição de ocupar cargos públicos confirmada pelo Tribunal Supremo.
Membros da oposição e analistas alertaram que o partido governista poderia tomar medidas para banir González ou impedir que os partidos de oposição apareçam na cédula de votação.
“Eles já teriam feito isso”, disse González à Reuters quando questionado se ele achava que poderia enfrentar uma proibição. “Uma vez que eles me aceitaram, uma vez que aceitaram que outro partido endossasse minha candidatura, não acho que haverá qualquer problema”, disse.
González aparecerá na cédula de três partidos de oposição, enquanto Maduro deverá representar 13.
“Poderíamos prever qualquer tipo de ação, tentativas de boicotar ou impedir a candidatura, mas isso agora está muito avançado”, acrescentou, referindo-se à campanha para a votação de julho.
González disse que já se reuniu com delegados do Centro Carter e da União Europeia, que atuarão como observadores eleitorais.
O ex-diplomata não quis se pronunciar sobre as sanções impostas ao governo de Maduro por Washington, que no mês passado reimpôs amplas medidas ao setor petrolífero, afirmando que Maduro não havia cumprido um acordo eleitoral com a oposição.
Questionado sobre as obrigações da dívida externa que a Venezuela enfrenta, González disse que o país “sempre honrou seus compromissos internacionais”.
Se eleito, González disse que a reconstrução de uma relação diplomática normal com os Estados Unidos seria uma prioridade.
“Cortamos todos os laços de cooperação que existiam e eles devem ser restabelecidos”, disse González, acrescentando que a Venezuela precisa de mais atenção da comunidade internacional.
González disse que estava se preparando para fazer campanha no centro do país. Vários líderes da oposição, inclusive Machado, têm percorrido a Venezuela para incentivar os eleitores a irem às urnas pela oposição.
Uma pesquisa da More Consulting no mês passado, antes de González ser nomeado candidato, mostrou que 46% dos entrevistados planejavam apoiar o candidato apoiado por Machado, enquanto cerca de 21% planejavam votar em Maduro.