Um indicador do time de pesquisas macroeconômicas do Itaú já aponta para uma possível pausa no ciclo de cortes da Selic pelo Banco Central, mostra um relatório enviado a clientes nesta segunda-feira (6).
O “Copom-o-meter” mede o grau de restrição ou expansão implícito na comunicação do BC, tentando antecipar as suas decisões.
“Aplicando a metodologia (com base nas pontuações atribuídas às comunicações relevantes do comitê), reconhecemos que o conteúdo das comunicações recentes, com mensagens mais agressivas, sugere um orçamento menor para cortes nas taxas e cria espaço para uma discussão sobre um ritmo mais lento ou mesmo para fazer uma pausa no ciclo de flexibilização”, aponta o relatório assinado pelo economista-chefe do banco, Mario Mesquita.
A taxa Selic começou a ser reduzida em agosto do ano passado, quando estava em 13,75%. Hoje, o juro está em 10,75%.
Segundo o Itaú, nas comunicações públicas após a reunião, numa semana marcada pela desvalorização da moeda brasileira, pelo aumento dos riscos geopolíticos e pela aversão global ao risco, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou assumir um compromisso com um curso de ação específico, mencionando que a política monetária irá ajustar-se à evolução do cenário — possivelmente uma redução no ritmo de flexibilização e nos cortes totais das taxas — dependendo do nível de incerteza.
“Dadas essas circunstâncias, acreditamos que o comitê decidirá desacelerar o ritmo de redução das taxas para 25 pontos-base, levando a taxa Selic para 10,5% ao ano. Esta trajetória difere do sinal transmitido na última reunião — consistente com outra redução de 50 pontos-base — mas não será de todo surpreendente à luz das últimas comunicações dos membros do comitê e da magnitude das mudanças observadas desde então. Para as próximas reuniões, esperamos que o Copom mantenha sinal de dependência de dados, reafirmando que maior incerteza exige cautela nas decisões de política monetária”, analisa Mesquita.
Focus: corte menor na Selic
Economistas consultados pelo Banco Central passaram a ver juros mais altos ao final de 2024, com as projeções agora embutindo corte de apenas 0,25 ponto percentual na Selic no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana.
O levantamento semanal Focus, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que os economistas elevaram para 10,50% sua estimativa para o patamar dos juros ao final de maio, interrompendo sequência de 38 semanas em 10,25%.
O BC encerrará sua reunião de política monetária de dois dias na quarta-feira, dia 8 de maio, num cenário de incertezas renovadas que levou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a abrir as portas em abril para o Copom reduzir o ritmo de cortes na Selic, atualmente em 10,75%, apesar de sua orientação futura mais recente ter indicado manutenção do ritmo de 0,50 ponto.
Probabilidades implícitas em contratos futuros de juros mostram quase 90% de chance de o BC cortar a Selic em apenas 0,25 ponto percentual nesta semana.