A companhia de água e esgoto do Estado do Rio de Janeiro, Cedae, vai concluir esse ano um processo de saneamento financeiro e operacional para em 2025 buscar uma solução de mercado para fazer frente aos investimentos de 5 bilhões de reais previstos para os próximos anos, afirmou o presidente da companhia, Aguinaldo Ballon, nesta segunda-feira.
O executivo disse em entrevista à Reuters que 2024 será o ano da “virada de chave“ da empresa para a conclusão de decisões e iniciativas que vão tornar a estatal mais robusta e atraente para investidores. “Vamos concluir a reestruturação da empresa este ano”, afirmou.
Segundo ele, estudos serão feitos esse ano para direcionar a solução de mercado mais adequada no ano que vem.
“Para dar conta do nosso plano de investimentos vamos precisar de recursos; vamos chamar o mercado e ver se vai ser lançamento de debêntures, se vai fazer venda de ações, um IPO mais pulverizado no mercado ou um sócio por exemplo. Não dá para falar ainda qual vai ser a solução”, disse o executivo à Reuters.
Uma premissa básica é que a empresa manterá o controle do insumo e ativo principal da companhia: a água. No primeiro mandato do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, os segmentos de distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto foram privatizados. Os certames renderam aos cofres públicos mais de 20 bilhões de reais.
A Cedae remanescente, que seguiu sendo estatal, se mantém atuando na captação e tratamento da água que abastece o Estado.
Ballon disse à Reuters que a empresa prevê nos próximos anos investimentos na construção de uma nova estação de captação de água do rio Guandu, o mais relevante para abastecer a cidade do Rio de Janeiro, além de melhora de sistemas e interligações que irão demandar investimentos de aproximadamente 5 bilhões de reais.
Esse montante é bem maior do que a média dos últimos anos. Nos últimos 10 anos, a Cedae investiu 2 bilhões de reais, segundo Ballon.
“Em 2023, foram investimentos de 400 milhões de reais e antes na casa de 150 milhões a 200 milhões de reais e foi essa baixa capacidade de investimentos que levou ao processo de concessão de parte da empresa”, disse o executivo.
Entre as primeiras medidas tomadas para reestruturar a empresa está a migração da Cedae para o mercado livre de energia, o que pode gerar uma economia de 1 bilhão de reais em cinco anos, além de iniciativas operacionais, afirmou.
As medidas adotadas ajudaram a Cedae a fechar 2023 com um lucro líquido de mais de 400 milhões de reais, algo que não se via há algum tempo. “Provavelmente vamos ter lucro operacional em 2024; ano passado já diminuímos bem essa perda operacional”, disse o executivo.
“Reduzimos gastos com prestação de serviços, houve redução de gastos de funcionários que saíram em PDVs – programas de demissão voluntária – e ainda entramos no mercado livre (de energia)…Estamos consolidando (a reestruturação) em 2024 para chamar o mercado em 2025”, adicionou.