As taxas dos DIs tiveram alta firme nesta sexta-feira ainda refletindo a divisão no Copom de dois dias antes, com investidores receosos de que o Banco Central possa se tornar leniente com a inflação a partir de 2025, quando a cúpula da instituição terá novo perfil, em um dia marcado ainda pela divulgação do IPCA de abril, levemente acima do esperado, e pela alta dos yields dos Treasuries.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,31%, ante 10,268% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,58%, ante 10,493% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,98%, ante 10,879%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,29%, ante 11,2%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,75%, ante 11,671%.
Na quinta-feira, as taxas futuras já haviam disparado, em especial entre os contratos mais longos, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidir por 5 votos a 4 cortar a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,50% ao ano.
Todos os cinco dirigentes que votaram por corte de 25 pontos-base já estavam no BC no governo Bolsonaro, enquanto os quatro diretores que defenderam corte de 50 pontos-base foram indicados pela administração Lula.
A divisão de votos ampliou as discussões no mercado sobre o perfil do Copom a partir de 2025, quando o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e dois diretores serão substituídos por nomes indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Deste modo, a partir de janeiro os indicados por Lula serão finalmente maioria no Copom, o que para parte do mercado significa que o BC poderá se tornar mais dovish (brando) no controle da inflação.
Nesta sexta-feira, as taxas dos DIs ainda repercutiam os receios em torno do perfil futuro do Copom.
“Tem ainda um rescaldo do Copom de quarta-feira, do fato de a decisão ter sido dividida”, afirmou João Ferreira, sócio da One Investimentos.
A expectativa pela divulgação da ata do encontro do Copom, na próxima terça-feira, também permeava os negócios, com o mercado ansioso em saber os detalhes que levaram à divisão de votos no colegiado.
Além disso, no início da sessão o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que avançou 0,38% em abril, acelerando ante a alta de 0,16% em março.
Nos 12 meses até abril, o IPCA seguiu abaixo da marca de 4%, ao subir 3,69%, de 3,93% em março.
Os resultados ficaram ligeiramente acima das expectativas em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,35% no mês e de 3,66% em 12 meses.
O centro da meta para a inflação medida pelo IPCA este ano é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
“Não está tranquilo não essa trajetória do IPCA. A difusão aumentou de 55% para 57%, com mais preços aumentando”, analisou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado pela manhã a clientes.
“Serviços caíram de 0,10% para 0,05%, e os serviços subjacentes… caíram de 0,45% para 0,33%. Então, há boas notícias na parte de serviços, mas más notícias nos outros preços”, acrescentou.
Em meio à expectativa pela divulgação da ata do Copom na próxima terça-feira, perto do fechamento a precificação da curva a termo estava dividida: 50% de probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic em junho e 50% de chance de manutenção da taxa em 10,50% ao ano.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries também subiam nesta sexta-feira.
Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 6 pontos-base, a 4,504%.