A Tesla (TSLA; TSLA34) está avançando com planos para impulsionar o desenvolvimento global de seu sistema de direção autônoma com dados da China que podem ser processados dentro do próprio país, parte de uma mudança estratégica da montadora de Elon Musk, disseram fontes com conhecimento do trabalho.
Como parte desse esforço, a Tesla tem desenvolvido planos para uma central de dados na China para treinar o algoritmo necessário para veículos totalmente autônomos, afirmaram duas fontes.
Até recentemente, a Tesla concentrava esforços para garantir a aprovação de reguladores chineses para transferência de dados gerados por seus carros elétricos na China para fora do país, de acordo com três fontes.
Não ficou claro se a Tesla prosseguiria com ambas as opções para lidar com dados de direção autônoma provenientes da China – transferência de dados e um centro de dados local – ou se está desenvolvendo planos paralelos como proteção.
Os esforços da Tesla ressaltam a velocidade da fabricante de veículos elétricos na aposta do avanço na IA em um momento em que a procura por veículos elétricos arrefeceu e a concorrência aumentou.
O seu esforço para fazer uso mais completo dos dados dos veículos na China para desenvolver a inteligência artificial da montadora ocorre no momento em que o governo dos EUA tenta reprimir a transferência de tecnologia de IA de empresas norte-americanas para a China.
A Tesla não conseguiu oferecer a versão completa do sistema de direção totalmente autônoma FSD, que custa o equivalente a quase 9 mil dólares na China.
Um mercado mais amplo para a FSD na China daria um impulso à montadora, cujas receitas têm sido afetados pela pressão de rivais chineses como a BYD.
A Tesla não comentou o assunto.
A criação de uma central de processamento de dados na China para o desenvolvimento do FSD exigirá que a Tesla trabalhe com um parceiro chinês, disseram duas das fontes. Há também um desafio potencial no fornecimento de hardware.
A montadora conversou com a Nvidia (NVDA; NVDC34) sobre a aquisição de chips de processamento gráfico para a China, segundo uma das fontes. As sanções dos EUA impedem a Nvidia e seus parceiros de venderem seus processadores mais avançados na China.
A Nvidia se recusou a comentar se manteve negociações com a Tesla.
Efeito China
A China, o maior mercado automotivo do mundo, tem a maior frota de automóveis equipados com sensores, capazes de recolher dados de padrões de tráfego complicados em cidades engarrafadas, tornando as informações aí geradas valiosas para os fabricantes de automóveis e fornecedores de IA.
Musk já expressou oposição a uma central de processamento de dados baseada na China, argumentando que a transferência das informações para os Estados Unidos era a opção mais eficiente, disseram duas fontes.
Desde 2021, a Tesla armazena em Xangai dados recolhidos pelos seus veículos elétricos vendidos na China. Ao longo desse tempo, a equipe da Tesla na China tem buscado aprovações dos reguladores chineses para transferir esses dados para fora do país, segundo duas fontes.
No âmbito de um projeto piloto de um ano, as empresas na área de Lingang, em Xangai, onde está localizada a fábrica da Tesla, poderão transferir certos dados sem a necessidade de avaliações de segurança adicionais, informou a Reuters nesta sexta-feira.
Alguns analistas veem Musk tentando fazer da China uma plataforma de lançamento para a direção autônoma, da mesma forma que a aposta da Tesla em 2019 na grande fábrica da empresa em Xangai permitiu que a montadora se destacasse como fabricante de veículos elétricos para o mercado de massa.
Muitos especialistas do setor preveem que levará anos até que carros totalmente autônomos se tornem comuns, mas as previsões variam muito.