Francis Ford Coppola não sabia o quão relevante “Megalopolis”, um épico de ficção científica que é uma alegoria para a queda da República Romana, se tornaria para a política dos Estados Unidos quando ele começou a desenvolver o conceito do filme décadas atrás, disse o lendário diretor no Festival de Cannes.
Coppola queria fazer um épico romano ambientado na América moderna.
“Mas eu não tinha ideia de que a política de hoje tornaria isso tão relevante”, disse Coppola em entrevista coletiva nesta sexta-feira, um dia após a estreia mundial de seu longamente aguardado projeto do coração.
“Porque o que está acontecendo nos Estados Unidos, em nossa república e em nossa democracia, é exatamente como Roma perdeu sua república há milhares de anos”, disse o diretor de “O Poderoso Chefão”.
“Nossa política nos levou a um ponto em que podemos perder nossa república”, afirmou.
Os artistas, e não os políticos, serão a resposta, acrescentou Coppola, porque eles iluminam a vida contemporânea.
O filme, que é vagamente inspirado em uma tentativa de golpe durante a República Romana, segue Cesar Catilina, um arquiteto-cientista interpretado por Adam Driver, enquanto ele enfrenta o prefeito de Nova Roma, amante da ordem, interpretado por Giancarlo Esposito, na tentativa de transformar sua visão utópica em realidade.
“No final do filme, ontem à noite, comecei a chorar porque, de repente, entendi. Eu não deveria saber tudo. Não devo saber todas as respostas”, disse Esposito, conhecido por “Breaking Bad” e “The Usual Suspects”.
O filme não oferece uma resposta clara a todas as questões que levanta, mas tem como objetivo inspirar uma conversa coletiva sobre como melhorar a sociedade, o que, por sua vez, permite que as pessoas tenham esperança no futuro, afirmou o ator na coletiva de imprensa.
Coppola, que começou a desenvolver o conceito do filme no início da década de 1980, disse que não havia palavras para descrever a emoção que sentiu ao finalmente ver o produto final na tela grande.
No entanto, o diretor vencedor do Oscar por “Apocalypse Now”, que muitas vezes reeditou seus trabalhos após o lançamento, não descartou a possibilidade de também fazer alterações em seu último filme.
“Acho que estarei aqui daqui a 20 anos”, disse o diretor de 85 anos, olhando brevemente para o teto.
“Se houver uma maneira de tornar o filme um pouco melhor, eu tentarei. Mas sei que já terminei, porque já comecei a escrever outro filme, e isso é um bom sinal de que terminei.”