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Risco versus Retorno? Round 1

por Conrado Navarro
3 min leitura

José comenta: Navarro, também fiquei sabendo do seu blog pelo Querido Leitor. Estou economizando faz 1 ano e no início comecei a colocar este dinheiro na poupança, porém após ler assuntos de economia resolvi também investir num fundo multimercado. A dúvida é: tem algum problema de investir em dois produtos diferentes (poupança e fundo multimercado) ou será melhor juntar estas economias num único investimento?? Vale informar que estes investimentos estão em bancos distintos. Obrigado, abraço e sucesso com o blog.

Caro José, tudo bem? Obrigado pelas palavras de apoio para com o blog. Obrigado ao blog Querido Leitor pela citação. Sua pergunta é muito comum e já demonstra um grande interesse de sua parte em diversificar seus investimentos. Isso é ótimo. Respondendo de maneira rápida sua dúvida, afirmo: não há problema nenhum em ter investimentos em instituições diferentes e em tão diferentes categorias de aplicações. Preste atenção nos temas que iremos discutir neste post e que lhe serão úteis para então poder realmente decidir se seu dinheiro está bem aplicado e se o risco compensa.

A primeira coisa com a qual devemos nos preocupar é com o tempo esperado para retorno do dinheiro aplicado. Você vai precisar dele no curto prazo (1 ano, 2 anos)? Ou pretende deixá-lo por no mínimo 10 anos? Quem sabe 15 anos? Se o investimento for de curto prazo, aplicações cujos riscos são maiores poderão frustrar sua expectativa de retorno, já que estas situações oferecem maior susceptibilidade aos humores dos mercados internacionais, nacionais e da macroeconomia como um todo. Exemplificando, uma ação pode oscilar muito em um ano e render menos do que um fundo de renda fixa. É um exemplo simples mas que ilustra a relação tempo x risco x retorno.

No entanto, em aplicações de longo prazo é interessante optar por aplicações de maior risco, como fundos multimercado ou mesmo de renda variável (ações, opções etc). Se as condições da economia forem favoráveis (juros mais baixos, inflação baixa, crescimento econômico etc) estas aplicações tendem a se valorizar bastante, muito mais do que seus equivalentes em renda fixa, Poupança ou DI. A esta altura deve estar pensando: será que, depois de definido o tempo do investimento, não seria interessante dosar meus investimentos de modo a ter uma parcela em uma aplicação de menor risco, um pouco em aplicações de risco moderado e uma parcela menor em ativos mais arriscados? É por ai, a idéia é balancear de acordo com a sua aversão ao risco. Investir em apenas uma modalidade de investimento lhe confere pouca margem de manobra perante os percalços da economia. Diversificar vale a pena.

Para facilitar o entendimento do post, deixe-me mostrar de forma gráfica como funcionam os riscos e retornos para nossas aplicações e investimentos mais comuns no Brasil e no mundo:

Podemos então interpretar a figura da seguinte forma:

  • Risco e retorno caminham juntos, isto é, quanto maior o risco (note a seta da direita), maior o retorno (note a seta da esquerda). É o clássico “quem não arrisca, não petisca” da gíria popular;
  • A maior parte de seus investimentos deve estar em aplicações de risco baixo, como caracterizado na figura através da base da pirâmide;
  • Seu investimento deve conter dinheiro aplicado nestes três níveis de risco/retorno demonstrados na figura, configurados de acordo com o seu grau de aversão ao risco. Em outras palavras, se você topar correr mais riscos, a pirâmide terá um base com tamanho apenas ligeiramente maior que seu corpo e topo. Se for uma pessoa avessa aos humores do mercado e da economia, a base de sua pirâmide será ampla com corpo e topo finos. Na prática, isso significa quanto do seu dinheiro você está investindo em cada uma destas aplicações;
  • Aqui surge um novo conceito, chamado carteira de investimentos. Ela corresponde aos tipos de aplicações que você possue e quanto do montante total decidido para investir está alocado em cada categoria. Um exemplo: você tem R$ 100.000,00 para aplicar e decidiu colocar 50% em renda fixa, 30% em fundos multimercado e 20% em ações. Esta é sua carteira;
  • Ter dinheiro em aplicações diferentes, com riscos e retornos diferentes não só é saudável, mas interessante, porque pode ajudá-lo a alcançar taxas de retorno maiores que as usuais, especialmente no longo prazo. Além disso, ao misturar maiores e menores riscos em proporções equilibradas, você tende a diminuir seu risco total da carteira. É um bom negócio não é?

José, espero ter ajudado a elucidar um pouco de suas dúvidas. É importante lembrar que depois de assimilados estes conceitos, você terá que garimpar fundos, aplicações e instituições que atendam ao seu perfil de risco e que possuam atrativas taxas de administração e(ou) taxas de corretagem (este conceito será abordado oportunuamente). Em outras palavras, agora você sabe o que buscar em suas aplicações e como dosá-las de maneira inteligente, focando no tempo. Agora precisa preocupar-se em como garantir que elas atinjam seus objetivos. Um passo de cada vez. Um abraço e até a próxima.

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