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Crédito pessoal é sinônimo de dívida?

por Ricardo Pereira
3 min leitura

Crédito pessoal é sinônimo de dívida?Como o Navarro bem frisou em seu artigo “Quando o melhor investimento é guardar dinheiro”, uma triste realidade assombra a população brasileira: temos aproximadamente 80 milhões de pessoas endividadas. Repito: 80 milhões de pessoas com problemas financeiros. Se levarmos em conta que somos cerca de 180 milhões de habitantes no Brasil, mas não sua totalidade representando a população com renda, o número assusta mesmo. Daí a enorme importância de trabalharmos juntos a educação financeira[bb] deste país.

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A preocupação se torna ainda maior se analisarmos mais a fundo estes 80 milhões de cidadãos com problemas. Do total de 180 milhões de habitantes, considera-se a população economicamente ativa como sendo algo em torno de 100 milhões de pessoas. Através de um cálculo simples, chega-se à conclusão de que 80% da população (economicamente ativa) se encontram com problemas graves de endividamento.

De onde surgiu esse endividamento?
Se de um lado existe um devedor, de outro lado existe um credor. Muitos tomam emprestado e poucos emprestam – cobrando caro por isso. As pessoas se endividam para adquirir bens ou serviços de que, na maioria das vezes, não precisam ou não querem (fazem para impressionar) e se deixam vencer pelo apelo da mídia ou pela simples “manutenção do status”.

Falando nisso, uma das definições de status mais brilhante que ouvi nos últimos tempos surgiu no último final de semana, a partir das palavras de um educador financeiro: “Status é o sentimento que move alguém a comprar coisas que não precisa, com o dinheiro que não tem, para agradar alguém que não gosta”. Como bem concordou a amiga Nanny Costa em seu artigo “Precisamos ressuscitar o porquinho”, trata-se da mais pura verdade!

Nos últimos anos fomos envolvidos por grandes campanhas que ofereciam crédito quase que como frutas ou legumes que encontramos nas feiras livres. Bastava escolher a “melhor banca” e o “melhor produto”, mas com um diferencial: pagamentos a perder de vista. A estratégia arriscada não é nova e a prática comprovou que se trata de um tiro no pé do consumidor – ele se satisfaz momentaneamente e cria (muitos) problemas para o futuro.

O velho conto do crédito fácil caiu como uma luva para situação do brasileiro comum, aquele que nunca buscou a educação financeira e o investimento[bb] como formas de realização de seus sonhos e objetivos. Provavelmente, isso aconteceu devido à falta de sonhos e objetivos. Aliás, quais são os seus sonhos? Já parou para pensar nisso?

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Ao usar o dinheiro fácil oferecido por tantas instituições, o cidadão perceberá, talvez tarde demais, que o pior é o preço desta facilidade. O crédito fácil é caríssimo – sempre foi e sempre será. Devido ao meu envolvimento com o tema, ouço relatos impressionantes de pessoas que hoje não enxergam uma luz ou um caminho para sair desse buraco financeiro.

Sim, a situação pode ficar crítica. São pessoas que vivem a base de remédio, que dizem não ter mais motivo para viver ou que não conseguem nem mesmo comprar alimento para os filhos. A verdade parece distante. Não conte com isso. A realidade está logo ali, na família vizinha, ou mesmo mais perto do que imaginamos – é o nosso amigo, irmão ou nossos pais.

O choque de realidade.
A saída para essa situação passa, necessariamente, pelo controle financeiro[bb], seguido e alimentado pela priorização de seus objetivos e a construção de sonhos. Não podemos simplesmente trocar nossas metas futuras por carnês, prestações ou taxas por um prazer imediato duvidoso.

Cada um de sabe quanto esforço representa o salário que recebe. Infelizmente, em certas famílias todo o trabalho não chega a ficar uma semana na conta corrente. Precisamos, e volto neste ponto, nos revoltar contra o pagamento abusivo de juros, que contribui para o enriquecimento dos outros. Pense mais em você.

Se você passa por situação semelhante, faça um raio-X de seus gastos e estipule um valor mensal para o pagamento das dívidas. Mas lembre-se, e isso é super importante, seu salário não pode ser integralmente ligado ao pagamento das dívidas. Coloque prioridades e, se necessário, rebaixe momentaneamente seu padrão de vida.

Crie sua própria linha de crédito, onde você dita os juros que mais tarde retornarão para a realização dos seus sonhos. Converse em casa, afinal é importante que todos saibam e entendam qual o seu papel diante da realidade financeira de sua família. O projeto de todos tem que ser único e, principalmente, vencedor! Que tal começar agora?

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Ricardo Pereira é educador financeiro e palestrante credenciado pelo Instituto DiSOP, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para stock.xchng.

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