O Banco Central Europeu deve afrouxar sua política monetária nos próximos meses se os dados confirmarem suas previsões e, mesmo após vários cortes nos juros, sua orientação permanecerá restritiva, disse nesta sexta-feira o membro do banco Fabio Panetta.
Panetta, que é presidente do Banco da Itália, apresentou uma mensagem “dovish” (menos agressiva contra a inflação) em seu discurso anual em Roma, dizendo que a inflação da zona do euro deve continuar desacelerando e os aumentos salariais devem recuar.
“Nos próximos meses, se os dados confirmarem nossas previsões atuais, podemos esperar um afrouxamento da política monetária”, disse ele em evento com banqueiros e políticos.
Ele acrescentou que a postura do BCE permaneceria restritiva “mesmo depois de vários cortes nos juros”.
Várias autoridades do BCE têm sinalizado um corte nos juros para junho, um primeiro passo para reduzir a taxa recorde de 4% que o banco paga atualmente sobre os depósitos bancários. Mas há dúvidas sobre como o banco procederá nos meses seguintes.
“Devemos evitar que a política monetária se torne muito restritiva, o que levaria a inflação a ficar abaixo da meta (de 2%) do BCE”, disse Panetta.
A inflação da zona do euro acelerou pela primeira vez neste ano, a 2,6% em maio, ante 2,4% no mês anterior, de acordo com uma estimativa nesta sexta-feira do Eurostat, ligeiramente acima da previsão de uma pesquisa da Reuters com analistas.
Panetta disse aos repórteres após seu discurso que os dados eram esperados e não eram “bons ou ruins”.