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China dá primeiros passos para obter produtos agrícolas sustentáveis

Os volumes são minúsculos no contexto da compra geral da China, mas as implicações do fornecimento mais ecológico são significativas

por Reuters
3 min leitura
Transporte de soja em porto na China

A chinesa Cofco International desembarcou sua primeira carga de soja livre de desmatamento para uso doméstico nesta sexta-feira, marcando o que agentes do setor dizem ser um marco para um país que priorizou o preço em detrimento da sustentabilidade em suas importações agrícolas.

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A China é um dos principais compradores de produtos agrícolas, incluindo soja e carne bovina, que são motores do desmatamento global, mas ficou atrás de seus pares ocidentais na exigência de que produtos como o óleo de palma não sejam provenientes de terras ligadas ao desmatamento ou à conversão de habitats naturais.

Isso está mudando lentamente, com a estatal Cofco International, bem como a China Mengniu Dairy Company e a Inner Mongolia Yili Industrial Group Co Ltd solicitando soja sustentável no último ano a fornecedores e consultores, disseram à Reuters comerciantes e especialistas em sustentabilidade.

Os volumes são minúsculos no contexto da compra geral da China, mas as implicações do fornecimento mais ecológico são significativas, dado o apetite voraz da China por produtos agrícolas, mesmo enquanto o país busca reduzir sua dependência das importações.

A participação da Cofco, que trouxe a carga de sexta-feira no porto de Tianjin para o Modern Farming Group, subsidiária da Mengniu, também manda um sinal para outros compradores sobre a intenção de Pequim.

“Há uma mudança perceptível nas tendências de compra entre os compradores chineses em direção a produtos mais sustentáveis e ecologicamente corretos”, disse um corretor com sede em Cingapura, que não quis se identificar devido à confidencialidade dos negócios.

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Algumas empresas chinesas têm solicitado “agressivamente” soja livre de desmatamento e óleo vegetal neutro em carbono desde o ano passado, disse um gerente de uma trading global.

A carga de 50.000 toneladas de soja brasileira de sexta-feira, no valor de 30 milhões de dólares, tinha uma cláusula livre de desmatamento e conversão (DCF) pela primeira vez em um pedido da oleaginosa da China.

“Nosso setor deve tomar medidas para ajudar a fortalecer nossos sistemas alimentares (e) promover práticas agrícolas sustentáveis que protejam nosso clima e meio ambiente”, disse Wei Dong, CEO da Cofco International, em um comunicado.

A remessa é um projeto piloto conduzido pela Tropical Rainforest Alliance do Fórum Econômico Mundial para reduzir o desmatamento impulsionado pela exportação de commodities. Seu diretor executivo, Jack Hurd, disse que a participação da Cofco estimulará mais demanda chinesa por produtos sustentáveis.

Em 2023, a Mengniu se comprometeu com uma cadeia de suprimentos com desmatamento zero até 2030 e se juntou ao grupo do setor Mesa Redonda sobre Óleo de Palma Sustentável (RSPO) este ano. A Yili tem uma meta semelhante para o fornecimento de soja, óleo de palma, celulose e papel, e disse que aumentará as compras anuais de óleo de palma certificado pela RSPO em 50 toneladas a partir de 2024 para atingir 650 toneladas até 2030.

Um produtor de óleo de palma da Indonésia disse que vender para a China em breve exigirá padrões mais altos. “Eles estão prestando mais atenção à sustentabilidade… ao contrário do passado, quando o preço era o único fator.”

A Cofco, por sua vez, tem como meta para 2025 uma cadeia de suprimentos de soja com desmatamento zero em áreas ecologicamente sensíveis na América Latina, incluindo a Amazônia, e tem planos para cadeias de suprimentos sustentáveis de óleo de palma e café.

O relator, deputado Heitor Schuch (PSB-RS), recomendou a aprovação da proposta
(Imagem: freepik/@wirestock)

Em janeiro, a Cofco International assinou um memorando de entendimento com a China Shengmu Organic Milk Ltd do grupo Cofco para fornecer 12.000 toneladas de soja DCF do Brasil, com um acordo para aumentar gradualmente o volume.

O diretor da RSPO China, Fang Lifeng, disse que a demanda da China por óleo de palma sustentável certificado, originalmente impulsionada por multinacionais como a L’Oreal e a Unilever, agora está sendo liderada por empresas locais.

Ainda assim, a demanda é uma pequena fração das importações da China, que no ano passado incluíram 4,3 milhões de toneladas de óleo de palma e 99,4 milhões de toneladas de soja.

O custo continua sendo um impedimento. A soja DCF pode custar de 2 a 10 dólares a mais por tonelada, enquanto o óleo certificado pela RSPO pode custar mais de 15 dólares a mais.

Um trader de uma trading internacional sediada em Cingapura que administra fábricas de processamento de soja na China disse que os volumes não representarão nem 1% das importações.

“Não vemos volumes significativos chegando”, disse o trader, acrescentando que a pressão dos financiadores do comércio poderia ajudar a impulsionar o fornecimento sustentável.

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