Finclass Vitalício Topo Desktop
Home Economia Galípolo: expectativa de inflação alta complica política monetária

Galípolo: expectativa de inflação alta complica política monetária

Galípolo afirmou que essa elevação das expectativas ocorreu mesmo diante de um aumento das projeções para a taxa terminal da Selic no país

por Reuters
3 min leitura
Gabriel Galípolo

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira que a desancoragem das expectativas de inflação coloca a política monetária brasileira em ponto mais delicado, ressaltando que esse é o tema que mais tem incomodado a diretoria da autarquia.

Finclass Vitalício Quadrado

Em apresentação na Olimpíada Brasileira de Economia, em São Paulo, Galípolo afirmou que essa elevação das expectativas ocorreu mesmo diante de um aumento das projeções para a taxa básica de juros.

“O que coloca a política monetária brasileira em um ponto um pouco mais delicado, ou mais delicado, é o fato de que ocorreu esse movimento de elevação da taxa de juros terminal e ainda assim a gente assiste uma desancoragem”, disse.

“Não cabe ao Banco Central explicar as razões, essa não é a função do diretor do BC, (a função) é reagir à mudança das expectativas, ainda que você não consiga estabelecer de maneira clara a explicação objetiva”, acrescentou.

Na apresentação, Galípolo afirmou mais de uma vez que gostaria de fazer coro às declarações desta quinta-feira do presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre variáveis que influenciam o trabalho da autoridade monetária, destacando que a intenção é não fornecer nenhum tipo de ‘guidance’, ou orientação, para a próxima reunião do Copom, que acontece este mês.

Campos Neto afirmou mais cedo que o BC se preocupa com a desancoragem das expectativas apesar de observar dados positivos da inflação corrente, e citou o possível ritmo mais lento de corte nos juros de economias avançadas e uma eventual pressão do mercado de trabalho aquecido sobre os preços no Brasil.

Finclass Vitalício Quadrado

Para Galípolo, o BC ainda não detectou claramente um repasse para a inflação do mercado de trabalho apertado.

Ele ponderou que as comunicações da autoridade monetária mostram que o emprego aquecido tende a sinalizar um processo de desinflação mais lento.

(Imagem: Washington Costa/MF)

“Eu não conseguiria colocar melhor do que o Roberto todos os pontos que estamos considerando para essa reunião”, disse Galípolo.

Em seu encontro de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,50% ao ano, abandonando a indicação dada anteriormente de que o corte seria de 0,50 ponto.

A decisão foi tomada com dissidência de Galípolo e os outros três diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defenderam corte de 0,50 ponto.

Na apresentação, Galípolo afirmou que tem passado mais tempo defendendo a decisão de corte de 0,25 ponto do que o próprio voto, pontuando que não se tratou de uma discussão antagônica entre os dois grupos, com todos entendendo ser importante mostrar que o cenário econômico na ocasião ficou mais adverso.

Para ele, seria equivocada uma avaliação de que havia uma escolha entre o compromisso com a orientação futura do BC para os juros e o compromisso com a meta de inflação.

“Cada vez que for testado, cabe ao BC mostrar por ações e discurso que existe um compromisso que remete ao que é o ‘job description’ de você estar no Comitê de Política Monetária, que é manter a taxa de juros em patamar restritivo suficiente pelo tempo que for necessário para levar inflação à meta”, afirmou.

Câmbio

Galípolo ainda afirmou que o BC está muito contente com o câmbio flutuante e disse que a autoridade não tem uma meta de câmbio, mas sim de inflação.

O diretor afirmou que parte do movimento recente do câmbio está relacionado à avaliação de que haverá uma postergação da queda dos juros nos Estados Unidos, o que fortalece o dólar.

Ao afirmar que seria estranho a política cambial do BC reagir a esse fator, ele também citou questões relacionadas à liquidez de recursos no Brasil e ao fluxo de criptoativos, sem detalhar.

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.

© 2024 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.