O dólar (USDBRL) à vista fechou a segunda-feira em alta firme ante o real, no maior valor desde janeiro do ano passado, em meio a ajustes técnicos ante o movimento visto no fim da sessão de sexta-feira, quando ruídos estressaram os negócios no Brasil, e em sintonia com o avanço da divisa dos EUA no exterior, com o cenário político europeu pesando sobre o euro.
As incertezas em torno da questão fiscal brasileira e seus impactos sobre a política de juros do Banco Central também contribuíam para o avanço das cotações.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,3565 reais na venda, em alta de 0,60%. Este é o maior valor de fechamento desde 4 de janeiro de 2023, quando encerrou em 5,4513 reais.
Na B3, no entanto, a divisa norte-americana para julho a mais líquida atualmente oscilava próxima da estabilidade. Às 17h17, ela subia 0,06%, aos 5,3680.
Na sexta-feira, rumores de que o governo teria sinalizado a possibilidade de mudanças no atual arcabouço fiscal aceleraram os ganhos do dólar, ainda que depois eles tenham sido desmentidos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O dólar à vista fechou sexta em alta de 1,44%, aos 5,3247 reais, mas o dólar para julho que encerra a sessão mais tarde andou bem mais, terminando em alta de 1,80%, cotado a 5,3650 reais.
Esta discrepância de 4 centavos de real entre os fechamentos do dólar para julho e do dólar à vista na sexta-feira levou a ajustes técnicos nesta segunda-feira.
Na prática, percentualmente o dólar à vista subiu mais durante a sessão, enquanto a moeda para julho apresentou altas mais modestas.
“É mais um ajuste técnico do que qualquer coisa”, comentou durante a tarde Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, ao justificar o avanço mais intenso do dólar ante o real no mercado à vista.
No início da sessão, o dólar à vista chegou a oscilar no território negativo, marcando a mínima de 5,3155 reais (-0,17%) às 9h13.
Mas as cotações aceleraram ainda nas primeiras horas do dia, com a moeda à vista atingindo a máxima de 5,3901 reais (+1,23%) às 10h17.
A alta superior a 1% era justificada pelos ajustes técnicos em relação a sexta-feira e pelo avanço do dólar também no exterior ante as divisas fortes e boa parte das moedas de emergentes.
Em especial, o euro era penalizado após o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciar que dissolveria o Parlamento e convocaria novas eleições legislativas para o final deste mês, depois de ter sido derrotado nas eleições europeias pelo partido de extrema-direita de Marine Le Pen.
Além do exterior, profissionais ouvidos pela Reuters citaram o desconforto com o cenário fiscal brasileiro como motivo para que as cotações se mantivessem em patamares elevados.
“O mercado está com um ‘trade’ mais cauteloso com juros (futuros), porque há incerteza com o fiscal e com a política monetária por aqui. Tudo isso é um fator de insegurança, então talvez a gente tenha apenas um gatilho vindo da Europa”, disse Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, ao avaliar os motivos para o dólar se manter em alta nesta segunda-feira inclusive no mercado futuro cujas cotações já haviam andado mais na sexta.
Internamente, a cautela antes da divulgação de dados econômicos importantes também permeava os negócios: na terça-feira sai a inflação oficial de maio no Brasil e na quarta será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA, além da decisão de política monetária do Federal Reserve.
No fim da tarde, o dólar seguia em alta ante boa parte das demais divisas. Às 17h16, o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas subia 0,07%, a 105,130.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.