Funcionários do órgão ambiental federal Ibama votaram por uma greve em pelo menos 10 Estados, disse seu sindicato nesta sexta-feira, ameaçando atrasar ainda mais as licenças para projetos de petróleo e gás, desacelerar as importações de automóveis e impedir os esforços para combater a destruição da floresta amazônica.
Os trabalhadores dos escritórios do órgão no Rio de Janeiro, que cuidam do licenciamento da indústria do petróleo, concordaram na noite de quinta-feira em começar a greve em 24 de junho, de acordo com um comunicado do sindicato nacional Ascema. Um líder sindical disse que o Rio foi um dos 10 Estados onde os funcionários aderiram à greve.
Espera-se que o movimento afete o licenciamento ambiental para mais de uma dúzia de empresas do setor de petróleo e gás, incluindo a Petrobras e produtores independentes como Equinor, 3R Petroleum (RRRP3), Enauta (ENAT3) e PRIO (PRIO3).
“A falta de diálogo por parte do governo nos levou a esta paralisação, que infelizmente aprofundará os já significativos impactos em diversos setores, especialmente no de petróleo e gás”, disse o diretor do sindicato do Rio Asibama-RJ, Leandro Valentim, em um comunicado.
O Ibama não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Desde o início de 2024, funcionários do órgão reduziram o ritmo dos processos de licenciamento ambiental e de outros serviços de interesse do governo, sem chamar oficialmente de greve.
A desaceleração teve efeitos em toda a economia brasileira, desde projetos de energia até importações de veículos. Em maio, a Petrobras disse que os atrasos no licenciamento poderiam impactar cerca de 2% da produção anual da empresa se persistirem.
A Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a votação para declarar greve.
Junto com o sindicato dos trabalhadores do Ibama em pelo menos 10 Estados, os trabalhadores do Distrito Federal e uma filial dos trabalhadores do Ministério do Meio Ambiente também declararam seus planos de greve, disse o líder sindical nacional Wallace Lopes à Reuters.
A votação em todo o país está marcada para terminar na sexta-feira, disse ele.
A sua decisão também poderá prejudicar os planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no combate à destruição ilegal da floresta amazônica, se o pessoal do Ibama encarregado de policiar o desmatamento abandonar o trabalho.